Ataque expõe radicalização de pai e filho
Sajid Akram, de 50 anos, e Naveed Akram, de 24, terão jurado fidelidade ao Estado Islâmico antes do atentado.
As autoridades australianas identificaram os dois responsáveis pelo massacre de domingo na praia de Bondi, em Sydney, durante as celebrações do Hanukkah, o festival judaico das luzes. Os atacantes eram pai e filho, com 50 e 24 anos. No veículo utilizado pela dupla foram encontradas bandeiras do Estado Islâmico e engenhos explosivos, reforçando a suspeita de motivação extremista.
O homem mais velho foi abatido pela polícia no local do ataque. Tinha chegado à Austrália em 1998 com um visto de estudante, embora as autoridades não tenham divulgado o país de origem. Tinha licença legal de porte de armas e era membro de um clube de tiro, o que lhe permitia possuir espingardas ou caçadeiras, mas não armas de fogo de disparo rápido. A polícia está agora a analisar as armas e os explosivos apreendidos.
O filho, de 24 anos, nascido já na Austrália, foi atingido pelas forças de segurança e permanece hospitalizado em estado crítico. As autoridades confirmaram que o jovem tinha sido investigado durante seis meses, em 2019, por suspeitas de radicalização, mas o inquérito foi arquivado por falta de indícios suficientes que o identificassem como potencial terrorista.
O ataque teve como alvo um grupo de judeus que celebrava o Hanukkah na praia mais icónica do país. Quinze pessoas morreram, entre elas uma criança de 10 anos, um rabino e um sobrevivente do Holocausto. Vários feridos continuam internados, alguns em estado muito grave.
Entre os feridos está Ahmed Al Ahmed, comerciante de 43 anos, que enfrentou sozinho e desarmado um dos atacantes. O pai, Mohamed Fateh Al Ahmed, afirmou estar orgulhoso do filho, a quem chamou “um herói em toda a Austrália”.
O primeiro-ministro australiano afirmou que os atacantes agiram sozinhos, motivados por extremismo islâmico, classificando o ataque como “um ato de terror e antissemitismo”. Anthony Albanese defendeu ainda leis mais rígidas para controlo de armas, sublinhando que a radicalização pode surgir ao longo do tempo e que as licenças não devem ser perpétuas. Em várias cidades australianas realizaram-se ontem vigílias em memória das vítimas daquele que é o tiroteio mais mortífero no país em 30 anos.
Mais de um milhão para ajudar herói
Pessoas de todo o Mundo já angariaram mais de um milhão de dólares (850 mil €) para ajudar Ahmed Al Ahmed, o homem que conseguiu desarmar um dos atacantes. De nacionalidade síria, pai de dois filhos e dono de uma frutaria, Ahmed sofreu ferimentos de bala no ombro e permanece hospitalizado. “Vou morrer, diz à minha família que salvei a vida de várias pessoas”, disse a um primo antes de atuar.
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