Atos consulares suspensos na Embaixada de Portugal em Bissau após militares tomarem o poder
Embaixada ressalva que "a Secção Consular mantém-se em funcionamento para efeitos de apoio consular de emergência aos cidadãos portugueses".
A Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau informou esta quarta-feira que estão suspensos os atos consulares agendados, devido à situação política no país africano, com a tomada do poder por um comando militar.
Nos canais oficiais, a Embaixada portuguesa informa "que, tendo em conta a atual situação de segurança, se encontra temporariamente suspensa a realização dos atos consulares agendados na Secção Consular".
De acordo com a informação disponibilizada, "os atendimentos afetados serão reagendados para a primeira oportunidade possível, logo que as condições o permitam".
A embaixada ressalva que "a Secção Consular mantém-se em funcionamento para efeitos de apoio consular de emergência aos cidadãos portugueses".
Na mesma nota informativa, a Embaixada de Portugal em Bissau indica que "continua a acompanhar de perto a situação de segurança na cidade de Bissau" e reitera "a recomendação de prudência e vigilância, bem como de evitar deslocações desnecessárias".
A representação diplomática portuguesa lembra que "de acordo com o comunicado emitido em nome do 'Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública', todas as fronteiras terrestres, aéreas e marítimas da Guiné-Bissau encontram-se encerradas, tendo sido também estabelecido um recolher obrigatório entre as 19:00 e as 06:00".
Sublinha ainda que "estas medidas produzem efeitos imediatos e permanecerão em vigor até indicação em contrário pelas autoridades competentes".
Os militares tomaram esta quarta-feira o poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora, segundo um comunicado das Forças Armadas guineenses.
O comunicado foi lido na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, que informa que os militares assumiram a liderança do país.
Na comunicação informa-se que foi "instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública" e que o mesmo "acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau".
O Alto Comando Militar informa que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".
Informa ainda que estão suspensas "as atividades de todos os órgãos de comunicação social", assim como decidiu "suspender imediatamente o processo eleitoral em curso".
Os guineenses votaram no domingo em eleições gerais, presidenciais e legislativas, tendo sido anunciada para quinta-feira a divulgação dos resultados, com o candidato da oposição Fernando Dias a reclamar vitória na primeira volta contra o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que concorreu a um segundo mandato.
O comunicado explica que se trata de uma reação "à descoberta de um plano em curso de destabilização do país", atribuído a "alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros".
Segundo os militares, o plano consistiria ainda na "tentativa de manipulação dos resultados eleitorais" das eleições gerais de domingo.
O Alto Comando Militar acrescentada que "foi descoberto pelo Serviço de Informação de Estado um depósito de armamento de guerra" destinado à "efetivação desse plano".
O Alto Comando Militar exercerá o poder do Estado a contar da data desta quarta-feira "até que toda a situação seja convenientemente esclarecida e respostas as condições para o pleno retorno à normalidade constitucional".
Os militares apelam "à calma, à colaboração dos guineenses e compreensão de todos perante" o que classificam como "grave situação imposta por uma emergência nacional".
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