Aumento de utilizadores europeus no Telegram levanta preocupações sobre desinformação
Aplicação passou de 35 milhões de utilizadores ativos mensais em 2014 para mil milhões em 2025.
O crescimento de utilizadores europeus na rede social Telegram representa riscos para a desinformação e estruturas europeias, uma vez que a aplicação é "um dos principais canais de desinformação", revela um artigo da plataforma europeia EUvsDisinfo.
"Desde a sua fundação em 2023, o Telegram evoluiu rapidamente de uma aplicação de mensagens de nicho para uma das plataformas digitais mais influentes do mundo, e a sua crescente presença na União Europeia (UE) levanta desafios urgentes", começa por referir a plataforma.
A EUvsDisinfo alerta que a rede social é cada vez mais utilizada para campanhas maliciosas e desafia o espaço da informação credível e as estruturas de governação digital da UE, sendo "um dos principais canais de desinformação".
O Telegram passou de 35 milhões de utilizadores ativos mensais em 2014 para mil milhões em 2025, um crescimento impulsionado, sobretudo, pela multifuncionalidade da comunicação privada que a plataforma oferece.
"A sua credibilidade é legitimada por figuras notáveis que usam a plataforma, incluindo atores políticos como o Presidente francês, Emmanuel Macron, a Comissão Europeia, meios de comunicação como a Euronews e ONGs como a Amnistia Internacional e Greenpeace", lê-se na informação disponibilizada.
Além disso, o anonimato da aplicação, a reduzida moderação de conteúdo em comparação com plataformas como o Facebook e YouTube e a cooperação limitada com as autoridades, tornam a rede social atraente para agentes mal-intencionados.
Neste sentido, o Telegram "tornou-se num centro para a desinformação", onde os golpes fraudulentos aumentaram em mais de 2.000% entre novembro de 2024 e janeiro de 2025.
"A rápida expansão do Telegram em toda a UE levantou sérias preocupações sobre o seu uso para desinformação e o seu impacto nos processos democráticos", afirmam os investigadores, acrescentando que a plataforma "pode tornar-se numa ferramenta poderosa para influência estrangeira, desinformação e manipulação pública".
A EUvsDisinfo revela ser necessário ter em conta a rápida e generalizada ascensão do Telegram na Ucrânia, com 90% dos ucranianos a dizer usar a aplicação e 73% dos entrevistados a recorrer ao Telegram como principal fonte de notícias diárias, refere um estudo citado.
"Uma das preocupações mais graves é a proliferação de canais anónimos do Telegram que se apresentam como fontes legítimas de notícias", lê-se no documento.
A plataforma europeia salienta ainda que plataformas como o Telegram não apenas hospedam conversas, como moldam crenças, comportamentos e resultados públicos, podendo ter uma "influência corrosiva", pelo que a UE deve agir com firmeza para garantir que a infraestrutura digital apoia os valores democráticos.
A EUvsDisinfo é composta por uma equipa de especialistas em desinformação, fazendo parte do serviço diplomático da UE.
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