Bolsonaro confessa que tentou arrancar pulseira eletrónica durante surto, mas não pretendia fugir
Ex-presidente brasileiro afirma que desde que a medicação foi alterada pelos médicos há quatro dias, passou a ter surtos.
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro confessou este domingo durante uma audiência de custódia que no final da noite de sexta-feira realmente tentou arrancar a pulseira electrónica pela qual é monitorado desde que iniciou a prisão domiciliária em 4 de Agosto passado, mas acrescentou que nunca pensou em fugir. Na audiência, o juiz auxiliar do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a prisão preventiva decretada pelo titular do caso, Alexandre de Moraes, que mandou o antigo governante para uma cela na Superintendência da Polícia Federal em Brasília após o incidente com a pulseira.
De acordo com o depoimento que fez ao magistrado, Jair Bolsonaro alegou que tentou arrancar a pulseira durante um surto medicamentoso, provocado pela mistura e interacção dos vários medicamentos que toma contra ansiedade, crises de falta de ar e de soluços e desconforto abdominal. Agentes prisionais que entraram na residência do ex-presidente nos primeiros minutos da madrugada de sábado confirmaram que a voz de Bolsonaro estava completamente diferente, claramente como a de alguém que está fora do normal.
Bolsonaro acrescentou este domingo que desde que a medicação foi alterada pelos médicos há quatro dias, passou a ter surtos, que foram ficando mais frequentes e mais intensos a cada dia. O antigo chefe de Estado complementou com a informação de que durante esses surtos ele acreditava que havia uma escuta colocada na sua pulseira electrónica, através da qual a polícia podia ouvir tudo o que era dito na sua casa.
Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em 12 de Setembro por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro já teve negados sumariamente todos os recursos que apresentou até agora contra essa pesada sentença, e o último deve ser negado também já na próxima semana. A partir daí, o juiz Alexandre de Moraes deve determinar o início do cumprimento da pena, havendo dúvidas somente se mandará o ex-mandatário para uma penitenciária comum, como tem dito nos bastidores do tribunal que pretende fazer, ou se permitirá que Jair Bolsonaro continue na cela improvisada na sede da Polícia Federal, uma sala de Estado-Maior com 12 m2 que tem casa de banho privativa, cama de solteiro, mesa de trabalho e televisão.
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