Bolsonaro diz ser perseguido e ter receio de ser preso a qualquer momento
Ex-presidente considera que Brasil está a viver num regime 'policialesco' que persegue quem discorda do governo.
O ex-presidente Jair Bolsonaro expressou aos jornalistas no Aeroporto de Brasília o receio de ser preso a qualquer momento, pois, segundo ele, é perseguido o tempo todo. Bolsonaro fez as declarações ao regressar à capital brasileira após passar vários dias num paraíso tropical ao largo do estado de Alagoas, a pescar e a tomar demorados banhos de mar.
"Sou perseguido o tempo todo. Posso ser preso ao sair daqui (do aeroporto). Até você pode ser preso", disse o antigo presidente ao jornalista que o interpelou ao desembarcar, insinuando que o Brasil está a viver num regime 'policialesco' que persegue quem discorda do governo.
Foram as primeiras declarações públicas de Jair Bolsonaro desde que a Polícia Federal (PF) na semana passada o indiciou por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado de Direito e formação de organização criminosa. Além do antigo governante, a PF indiciou outras 36 pessoas, a maioria militares de alta patente e ex-ministros, por envolvimento na alegada tentativa de golpe de Estado planeada no final de 2022 para impedir a tomada de posse de Lula da Silva, que venceu as presidenciais desse ano derrotando Bolsonaro.
Na curta entrevista improvisada ao desembarcar, Jair Bolsonaro considerou a acusação de tentativa de golpe uma "historinha", reconhecendo, no entanto, que, nos últimos meses do seu governo, estudou, sim, algumas possibilidades de medidas de exceção para evitar o que chamou o caos que o Brasil poderia enfrentar após a vitória do “comunismo”, como costuma referir-se a Lula e à esquerda, mas que não concretizou nenhuma e que tudo foi analisado, como gosta de vincar, “dentro das quatro linhas da Constituição”. Com esse indiciamento por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro já está indiciado em três processos diferentes, mas o Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, já fez saber que só no início do próximo ano decidirá se denuncia ou não formalmente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde as ações tramitam.
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