Bolsonaro ignora coronavírus e vai a ato contra o Congresso e o Supremo
Presidente brasileiro ignorou a recomendação do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que desaconselhou aglomerações.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ignorou a recomendação do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que desaconselhou aglomerações, e participou este domingo em Brasília num dos atos que ocorreram em várias cidades do Brasil contra o Congresso e o Supremo Tribunal, que ele acusa de o atrapalharem ao não o deixarem governar sem limites. Na maior parte dos casos, os atos não reuniram as multidões que Bolsonaro esperava.
Bolsonaro deixou a residência oficial, o Palácio da Alvorada, de carro às 12 horas e seguiu com uma extensa caravana oficial até à sede do governo, o Palácio do Planalto, e daí comandou uma carreata de seguidores por uma hora por vários bairros de Brasília. Regressando ao Planalto, o governante saiu do carro, foi até ao alto da rampa que dá acesso ao edifício e acenou para os simpatizantes, depois desceu e, mais uma vez ignorando recomendações de especialistas, aproximou-se da grade que o separava do público e tocou as mãos de vários manifestantes.
Os atos deste domingo, marcados por organizações ultra radicais de direita, tinham sido cancelados sexta-feira por essas entidades, depois de Mandetta alertar que a grande aglomeração de pessoas nessas manifestações poderia fazer explodir o número de casos de Coronavírus no Brasil, que até agora tem cerca de 150 confirmados. Mas pessoas próximas a Bolsonaro continuaram a convocação popular através das redes sociais e com propaganda paga e o próprio presidente incentivou a participação compartilhando desde o amanhecer vídeos do início das concentrações.
Apesar de o presidente afirmar que os atos não eram contra o Congresso nem contra o Supremo Tribunal, as faixas e cartazes que se viram pelo país mostravam o contrário. Em Copacabana, no Rio de Janeiro, por exemplo, uma enorme faixa que se repetiu em outras cidades dava bem o tom do ato, estampando "O Congresso e o Supremo matam mais do que o Coronavírus".
Para ir ao ato contra os outros poderes, Bolsonaro rompeu a quarentena em que decidiu isolar-se no Palácio da Alvorada desde que regressou quarta-feira de uma visita aos EUA e cinco dos seus acompanhantes acusaram Coronavírus. O exame de Bolsonaro deu negativo, mas ele isolou-se assim mesmo, e fará um novo teste terça-feira.
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