Bolsonaro ignora críticas e mantém viagem para a Rússia em busca de visibilidade internacional

Viagem foi desaconselhada por quase todos os assessores presidenciais e criticada por governos de diversos países, entre eles os EUA.

14 de fevereiro de 2022 às 15:43
Jair Bolsonaro Foto: Joedson Alves/epa
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O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, mantinha até ao início da tarde desta segunda-feira a decisão de viajar para a Rússia, onde deve encontrar o presidente Vladimir Putin na próxima quarta-feira, tentando atenuar o ostracismo a que tem sido votado pela maioria dos grandes líderes mundiais e ganhar visibilidade internacional no ano em que disputa a reeleição. Não obstante a tensão política e militar na região, com o temor de que a Rússia invada a Ucrânia a qualquer momento, Bolsonaro mantinha na tarde desta segunda a previsão de embarcar em poucas horas para Moscovo, onde deve chegar na noite de amanhã, terça-feira.

A viagem foi desaconselhada por quase todos os assessores presidenciais e criticada por governos de diversos países, entre eles os EUA, cujo Departamento de Estado considerou que o momento para esta visita de Bolsonaro é absolutamente inapropriado, mas o brasileiro não ligou a críticas e alertas. Isto mesmo não tendo uma agenda urgente a discutir com Putin e correndo o risco de estar na região do conflito quando a Rússia eventualmente iniciar uma acção militar contra a vizinha Ucrânia.

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Bolsonaro, que, na prática, é um pária internacional, raramente sendo recebido por algum chefe de Estado ou de governo de uma grande nação democrática, precisa desesperadamente dessa viagem e do encontro com Putin para mostrar aos seus aliados que não está isolado internacionalmente. Indo à Rússia num momento tão tenso quanto o atual, Bolsonaro também tenta ganhar destaque internacional, acreditando que vai surgir como um grande estadista mundial num cenário de crise, mesmo que não diga nada sobre o conflito entre os dois países do leste.

Aliás, assessores presidenciais e diplomatas brasileiros têm aconselhado Jair Bolsonaro a não tocar com Putin na questão da Ucrânia e, se o russo abordar o tema, responder de forma genérica e superficial. O brasileiro é tristemente famoso por falar sem pensar e, muitas vezes, sem ter qualquer conhecimento sobre o tema de que falou, e há forte apreensão no governo, principalmente no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Itamaraty, de que Bolsonaro, que foi à Rússia caçar imagens com Putin para usar na sua campanha à reeleição, cometa mais uma gaffe e deixe o Brasil com uma imagem ainda pior do que aquela que já tem desde que ele assumiu o poder, em 2019.

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