Bolsonaro limpa o nariz com o punho e depois usa a mesma mão para cumprimentar idosos
Presidente brasileiro violou esta sexta-feira pela quinta vez as orientações de isolamento social contra o coronavírus.
Numa impressionante nova sucessão de erros, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, além de ter violado esta sexta-feira pela quinta vez as orientações de isolamento social contra o coronavírus, deu um desagradável exemplo negativo de falta de higiene. Ele limpou o nariz usando as costas da mão direita, perto do punho, e depois, com a mesma mão, cumprimentou simpatizantes, inclusive de grupos de risco.
A deprimente cena, filmada por emissoras de televisão que mostravam a nova violação presidencial às recomendações do ministro brasileiro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Organização Mundial de Saúde, OMS, que pedem às pessoas para ficarem em casa para não aumentarem a propagação do coronavírus, aconteceu numa farmácia de Brasília. Um dia depois de ter ido a um café, onde comeu e bebeu, o que é proibido durante a quarentena, que só permite comprar produtos para consumir fora do estabelecimento, Bolsonaro voltou a passear pela capital federal brasileira, foi ao Hospital das Forças Armadas sem revelar o motivo, a um edifício residencial e a uma farmácia, onde houve aglomeração de pessoas ante a presença do governante.
A certa altura, provavelmente imaginando que ninguém perceberia por estar no meio da multidão, Bolsonaro levou as costas da mão direita ao nariz, que limpou e depois esfregou com força. Logo depois, apertou a mão de uma idosa que estava perto dele e faz parte do grupo de risco, e em seguida cumprimentou outras pessoas usando a mesma mão com que limpara o nariz.
A cena repercutiu muito, e mal, na imprensa e nas redes sociais, onde Bolsonaro costuma ter o seu principal apoio. Até internautas que se disseram eleitores do presidente afirmaram-se enojados com a falta de higiene de Bolsonaro e o risco que ele fez correr às pessoas que o rodeavam e cumprimentou com a mão suja, pois até hoje não se sabe se teve ou tem coronavírus.
Das cerca de 25 pessoas que semanas atrás o acompanharam numa viagem aos Estados Unidos, 23 testaram positivo para coronavírus, entre elas vários ministros que convivem com o presidente diariamente. Bolsonaro, porém, continua a dizer que os dois testes que fez deram negativo, mas recusa-se terminantemente a mostrá-los, o que tem levantado suspeitas.
Argumentando que as medidas de isolamento adaptados por governadores e autarcas por todo o Brasil estão a prejudicar o seu governo, Jair Bolsonaro defende a imediata reabertura de escolas, comércio e empresas, alegando que, já que especialistas estimam que cerca de 70% dos brasileiros poderão ser infetados com o coronavírus, então que todos voltem ao trabalho, para ao menos não destruírem o que ele considera os avanços alcançados pelo seu governo na área da economia.
Mandetta tem-se oposto frontalmente a Bolsonaro e continua a defender o isolamento, o que fez o presidente decidir demiti-lo na passada segunda-feira, intento de que foi dissuadido no último momento pela forte ala militar do seu governo e por avisos do Congresso Nacional e de juizes do Supremo Tribunal de que essa demissão poderia ter consequências desastrosas para ele e, principalmente, para as milhares de pessoas que poderiam ser infetadas e morrer se as medidas de distanciamento social fossem retiradas.
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