Bolsonaro volta a excluir o vice-presidente de reunião de ministros
Presidente do Brasil teme que Mourão queira aproveitar a má fase dele, com perda de popularidade para apoiar um eventual processo de destituição.
Pela segunda semana consecutiva, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, excluiu esta terça-feira o vice-presidente do país, general Hamilton Mourão, de uma reunião do conselho de ministros. Mourão não foi chamado nem o seu nome consta na lista oficial da reunião divulgada pela assessoria de Bolsonaro.
A medida evidencia o distanciamento cada vez maior de Bolsonaro em relação ao seu vice, com o qual, na verdade, não fala há semanas. Influenciado pelos filhos e por outros aliados da ala mais radical, que vêem conspiradores por todo o lado, Jair Bolsonaro teme que Mourão queira aproveitar a má fase dele, com perda de popularidade e críticas internas e internacionais devido ao seu negacionismo da pandemia da Covid-19, para apoiar um eventual processo de destituição e ocupar a cadeira presidencial.
Como não pode impedir que Hamilton Mourão, que foi legítimamente eleito e não pode ser demitido, participe nas reuniões do chamado Conselho de Governo, que inclui todos os ministros e o próprio vice-presidente, Bolsonaro tem usado uma estratégia curiosa e bem explícita. O chefe de Estado tem desconvocado as reuniões oficiais do Conselho de Governo, o equivalente ao Conselho de Ministros, que se realizavam geralmente às terças de manhã, e marca à última hora para o mesmo dia uma reunião, digamos, informal, com os seus ministros, evitando assim a presença de Mourão, que não é convidado.
Além de temer que o general possa articular nos bastidores para lhe tirar o cargo, Bolsonaro também não tem gostado da atenção e do destaque que a imprensa dá ao vice-presidente. Muito mais moderado, Hamilton Mourão, sem nunca desautorizar o presidente, tem no entanto assumido posições contrárias a declarações polémicas de Bolsonaro, apoiando, por exemplo, o processo de vacinação contra a Covid-19, que o chefe de Estado critica, e tendo reconhecido imediatamente a vitória de Joe Biden nos EUA, enquanto Bolsonaro falava em suposta fraude eleitoral, repetindo a acusação sem provas feita por Donald Trump ao não conseguir ser reeleito.
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