Brasileiros saem esta quinta-feira às ruas em defesa da Democracia

Em causa as ameaças de rutura institucional que Bolsonaro faz há meses, ameaçando golpe de Estado se não for reeleito.

Bolsonaro Foto: Reuters
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Milhares de brasileiros vão esta quinta-feira às ruas dos 27 estados do país para expressarem vivamente a sua defesa da Democracia e repudiar com veemência as ameaças de rutura institucional que o presidente Jair Bolsonaro faz há meses, ameaçando dar um golpe de Estado se não for reeleito nas presidenciais de Outubro, em cujas sondagens surge em segundo lugar, a uma grande distância do atual líder da corrida, o ex-presidente Lula da Silva. Os principais eventos acontecerão em São Paulo, onde dois manifestos diferentes defendendo o estado democrático de Direito serão lidos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP, no Largo de São Francisco, seguidos de marchas pela Democracia.

Na presença de nomes de extrema importância dos mais variados quadrantes da vida brasileira, será lido o manifesto que iniciou esse movimento, que já reuniu cerca de um milhão de assinaturas, a "Carta ás brasileiras e aos brasileiros em defesa do estado democrático de Direito", redigida por juristas de renome daquela faculdade e já subscrita por personalidades como ex-juizes do Supremo Tribunal Federal, STF, advogados, empresários, sindicalistas, lideranças estudantis, escritores e artistas, além de uma multidão de cidadãos anónimos que desde a divulgação do documento na Internet tem crescido a um ritmo de quase 100 mil por dia. Jair Bolsonaro não é citado nominalmente no texto, mas a carta pela democracia contesta e condena uma a uma todas as acusações infundadas dele contra as urnas eletrónicas eleitorais, o sistema eleitoral e os ataques que tem feito a outros poderes, principalmente ao STF e ao TSE, Tribunal Superior Eleitoral.

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O outro manifesto que será lido é da autoria da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a mais poderosa entidade patronal do Brasil. A Fiesp decidiu fazer uma carta aos brasileiros própria, ao invés de subscrever a da Faculdade de Direito, mas não em oposição a esta e sim como complemento, tanto que o texto dos empresários será lido no mesmo ato do dos juristas, no Largo de São Francisco.

O documento da Fiesp é talvez o que mais atinja as aspirações do presidente Jair Bolsonaro de ser reeleito em Outubro, pois a entidade representa os chamados "donos do PIB", os maiores empresários e produtores de riqueza do Brasil, que até há pouco estavam ao lado do presidente. A mudança de lado dos grandes empresários, entre eles os maiores banqueiros do país, foi provocada pelo próprio Bolsonaro com as suas ameaças de golpe, pois os detentores da riqueza e da capacidade de producção, independentemente das suas preferências políticas, não querem ver os seus negócios afetados por uma ditadura e pela convulsão social que ela provocaria.

Antes e depois da leitura dos dois manifestos, manifestações de centrais sindicais, de estudantes e da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, percorrerão várias ruas da maior cidade do Brasil em defesa da Democracia. Por todo o país, atos semelhantes também estão marcados para acontecerem ao longo desta quinta-feira, mostrando que os brasileiros, que já viveram sob uma feroz ditadura entre 1964 e 1985, não querem voltar a esses tempos tenebrosos.

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