China diz que vai "ignorar" os "jogos de números" dos Estados Unidos

País asiático diz que "não quer travar esta guerra, mas também não tem medo dela".

17 de abril de 2025 às 07:42
Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi Foto: REUTERS/Chalinee Thirasupa
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O Governo chinês afirmou, esta quinta-feira, que vai "ignorar" os "jogos de números de tarifas" dos Estados Unidos, depois de a Casa Branca ter anunciado que o país asiático enfrenta tarifas até 245%.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou, em comunicado, que "a imposição repetida de tarifas anormalmente elevadas à China pelos Estados Unidos tornou-se um jogo de números que não tem qualquer significado económico prático".

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O Governo chinês afirmou ainda que as medidas de Washington "evidenciam a tática dos EUA de instrumentalização das tarifas", acusando os norte-americanos de "exercerem intimidação e coerção".

"Não há vencedores numa guerra tarifária ou comercial. A China não quer travar esta guerra, mas também não tem medo dela", reiterou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao mesmo tempo que prometeu que o país asiático "vai ripostar resolutamente".

O Ministério do Comércio da China afirmou na quarta-feira que os Estados Unidos estão a "taxar injustificadamente alguns produtos a 245%".

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Horas antes, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que foram os Estados Unidos "que começaram" a guerra comercial e que, se Washington quer diálogo, deve "parar de usar ameaças e chantagem", numa resposta à Casa Branca, que antes tinha dito que cabia à China "dar o primeiro passo para chegar a um acordo tarifário".

A guerra comercial desencadeada por Trump intensificou-se a 02 de abril, com o anúncio de "tarifas recíprocas" para o resto do mundo, uma medida que retificou uma semana depois, perante a queda dos mercados e o aumento do custo de financiamento da dívida norte-americana.

Mas ao mesmo tempo que suavizava a sua ofensiva com a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10%, decidiu aumentar as taxas sobre a China por Pequim ter respondido com tarifas de retaliação.

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Washington impôs taxas alfandegárias de 145% sobre os produtos chineses, enquanto Pequim aumentou as tarifas sobre os produtos norte-americanos para 125%.

Os EUA decidiram, entretanto, isentar das tarifas muitos produtos eletrónicos oriundos da China, embora Trump tenha anunciado a aplicação de tarifas sobre semicondutores "num futuro próximo".

Pequim nomeou na quarta-feira um novo representante para as suas negociações comerciais, Li Chenggang, que substituiu Wang Shouwen, o anterior negociador chinês, cara das negociações comerciais com os Estados Unidos durante o primeiro mandato de Donald Trump.

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