China investiga ex-regulador dos mercados bolsistas por corrupção
Dirigente de 60 anos enfrenta "uma revisão disciplinar e uma investigação de supervisão".
As autoridades da China estão a investigar Yi Huiman, ex-presidente do regulador dos mercados bolsistas, por "graves violações da disciplina e das leis", anunciou este sábado o órgão anticorrupção do Partido Comunista.
De acordo com um breve comunicado publicado no portal na Internet da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, o dirigente de 60 anos enfrenta "uma revisão disciplinar e uma investigação de supervisão".
Yi, que teve uma longa carreira no setor bancário e chegou a ser presidente do banco estatal ICBC --- o maior banco do mundo em volume de ativos ---, era atualmente vice-diretor do comité económico da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, um importante órgão consultivo do Governo.
O jornal de Hong Kong South China Morning Post refere que Yi seria o segundo chefe da Comissão de Regulação dos Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês) a ser investigado por corrupção na última década, após ter sido o terceiro a ser demitido desde 2016.
Yi Huiman foi substituído em fevereiro de 2024, após meses de turbulência em que os mercados de ações chineses caíram, causando perdas no valor de biliões de euros aos investidores.
O antecessor, Liu Shiyu, foi demitido em 2019 e posteriormente investigado por alegadamente aceitar presentes e dinheiro, assim como por promover vendas de ações de empresas da sua cidade natal.
Liu tinha assumido o cargo após Xiao Gang ter sido demitido em 2016, devido à queda bolsista do ano anterior, no qual os mercados chineses perderam quase três biliões de euros.
"A CSRC é mais do que um regulador do mercado bolsista na China, pois há muito que é responsável pela proteção dos interesses dos pequenos investidores que investem as suas poupanças no mercado bolsista", explica Ding Haifeng, da empresa de consultoria financeira Integrity.
Em 2024, a China sancionou mais de 889 mil funcionários públicos por violações disciplinares.
Este ano, as autoridades anunciaram investigações por corrupção a vários executivos de grandes empresas públicas e a um antigo alto funcionário do principal organismo de planeamento económico.
Pequim condenou ainda à pena de morte, com suspensão condicional da pena, um antigo executivo da comissão de gestão dos ativos estatais.
Esta etapa da campanha anticorrupção surge depois de o líder chinês Xi Jinping, ter afirmado que o país deve tornar-se uma "superpotência financeira", face ao risco de isolamento dos Estados Unidos.
Após assumir o poder, em 2012, Xi iniciou uma campanha na qual vários altos dirigentes, tanto governamentais como de empresas estatais, foram condenados por aceitarem subornos multimilionários.
Nos últimos meses, a campanha expandiu-se para setores como o tabaco e os produtos farmacêuticos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt