Como é que França tem um primeiro-ministro do quarto partido mais votado?

Michel Barnier, negociador chefe da União Europeia para o Brexit, é uma figura d'Os Republicanos.

05 de setembro de 2024 às 18:01
Michel Barnier Foto: Direitos Reservados
Emmanuel Macron e Gariel Attal Foto: LUDOVIC MARIN/ REUETRS

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O presidente francês Émmanuel Macron nomeou o conservador Michel Barnier como primeiro-ministro, encerrando uma busca de quase dois meses por um sucessor para Gabriel Attal.

Segundo uma nota do Palácio do Eliseu, a nomeação do homem que foi negociador chefe da União Europeia para o Brexit como chefe do Governo francês "surge após um ciclo de consultas sem precedentes". O escolhido pertence ao quarto partido mais votado nas eleições legislativas, os Republicanos, mas Macron acredita "que o primeiro-ministro e o Governo terão as condições mais estáveis possíveis".

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O chefe de Estado francês começou por recusar nomear alguém antes do fim dos Jogos Olímpicos de Paris, para não "criar confusão" durante o evento desportivo.

Após uma primeira série de consultas com os representantes dos partidos, rejeitou nomear um Governo minoritário da Nova Frente Popular, coligação vencedora das eleições, a fim de manter a "estabilidade institucional" em França. Recusou assim o nome de Lucie Castets, proposto pela esquerda para primeira-ministra.

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"Um Governo baseado unicamente no programa e nos partidos propostos pela aliança com mais deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente alvo de uma moção de censura por parte de todos os outros grupos representados na Assembleia Nacional", considerou, em consonância com o então primeiro-ministro, Attal, que assegurou que a coligação que apoia Macron "avançaria com uma moção de censura imediata se o novo Executivo incluísse ministros" do partido de esquerda radical França Insubmissa.

As conversas prosseguiram e o presidente francês equacionou nomear Bernard Cazeneuve como primeiro-ministro, mas percebeu que o antigo chefe de Governo socialista não teria respaldo parlamentar e pretenderia revogar a reforma que o Executivo anterior fez nas pensões.

A escolha acabou por recair em Barnier, uma figura da direita francesa, com várias passagens pela Comissão Europeia, incluindo durante a governação do português Durão Barroso. O novo primeiro-ministro francês ficou conhecido por chefiar as equipas de negociação da União Europeia no processo de saída do Reino Unido do mercado único, em 2016.

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Macron foi assim ao encontro daquilo que defendeu o ex-chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, que argumentou recentemente que "a direita devia assumir a responsabilidade de governar" em vez de "ceder à opção fácil de nomear alguém de esquerda". 

Nas eleições legislativas antecipadas, nenhum dos três blocos - a extrema-direita de Marine Le Pen, o bloco presidencial e a Nova Frente Popular - obteve maioria absoluta. A coligação de esquerda venceu, embora o maior grupo parlamentar seja o da União Nacional

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