Conheça Katie Bouman, a mulher que conseguiu a primeira imagem de um buraco negro

Durante seis anos, trabalhou no algoritmo que organizou milhões de gigabytes de informação sobre a galáxia onde estava o buraco negro.

11 de abril de 2019 às 13:05
Katie Bouman Foto: Facebook
Katie Bouman Foto: Facebook
Katie Bouman Foto: Facebook
Katie Bouman com a equipa Foto: Facebook

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O algoritmo de Katie Bouman ajudou a organizar a massiva quantidade de informação obtida por oito telescópios em todo o mundo para, no fim, surgir algo que o Homem nunca tinha visto: a imagem de um buraco negro.

A investigadora de 29 anos guardou o segredo e só revelou aos colegas no projeto Event Horizon Telescope em que trabalhava há seis anos. Tudo começou quando estava tirar o doutoramento no MIT, depois de ter tirado a licenciatura na Universidade do Michigan. Em 2017 terminou o curso no MIT e continuou o seu trabalho no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica.

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Os oito telescópios do Event Horizon Telescope obtiveram milhões de gigabytes de dados sobre a galáxia M87, onde se situa o buraco negro que o mundo conheceu esta quarta-feira. Fizeram-no através de uma técnica chamada Interferometria, que consiste em sobrepor ondas – na maioria, eletromagnéticas. Foram registados 5 petabytes de dados. Para ter uma ideia, equivale a ouvir música em ficheiro MP3 durante cinco milénios, ou nas selfies tiradas por 40 mil pessoas ao longo da vida, de acordo com a Folha de São Paulo

Como foi conseguida a primeira imagem de um buraco negro?

É a primeira prova científica visual que comprova o conceito teórico: a fotografia tirada pela Event Horizont Telescope mostra a existência de buracos negros após 13 anos de observações, algo pressuposto por dezenas de cientistas, mas que ainda não tinha nenhuma prova cabal.

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Com tanta informação, era preciso criar um método para a organizar. Ao longo dos últimos anos, Katie Bouman verificou as imagens e selecionou parâmetros, que iriam processar os dados obtidos pelos telescópios de forma a criar uma imagem.

"Desenvolvemos maneiras de gerar dados sintéticos, usámos diferentes algoritmos e testámos às cegas para ver se conseguíamos obter uma imagem", afirmou à CNN. "Não desenvolvemos apenas um algoritmo. Queríamos desenvolver muitos algoritmos diferentes que têm diferentes assunções incorporadas. Se todos nos mostram a mesma estrutura geral, isso dá confiança."

A fotografia apresentada esta quarta-feira resultou de uma sobreposição das imagens conseguidas com os diferentes algoritmos. Permitiu provar a previsão que Albert Einstein tinha feito há mais de um século, na sua Teoria da Relatividade Geral. E se tivesse vivido mais um ano, Stephen Hawking também teria visto esta imagem. 

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Revelada a primeira imagem de sempre de um buraco negro

Foi revelada a primeira imagem de um buraco negro. Através de seis conferências de imprensas em simultâneo, realizadas em Bruxelas, Washington, Santiago do Chile, Tóquio e Taipei, a colaboração internacional Event Horizont Telescope divulgou, esta quarta-feira, a imagem que confirma centenas de anos de teorias da relatividade, como a de Einstein ou a de Newton.

A sobreposição foi possível porque as imagens se pareciam: "Fizéssemos o que fizéssemos, teríamos que fazer algo louco para conseguir algo que não fosse este anel", afirmou Katie.

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A investigadora destacou o trabalho de equipa: "Nenhum de nós conseguiria fazer isto sozinho. A imagem surgiu graças a muitas pessoas diferentes, de vários campos." Cerca de 200 cientistas trabalharam juntos. Esta quinta-feira, Bouman mostrou uma imagem sua com os colegas no Facebook:

 

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Katie Bouman dá aulas na Universidade de Tecnologia da Califórnia. De acordo com o site, pretende juntar métodos computacionais para ultrapassar as fronteiras da captação de imagem interdisciplinar na astrofísica.

Para celebrar este feito, o MIT partilhou uma imagem de Katie Bouman ao lado de Margaret Hamilton, a cientista do mesmo instituto que escreveu o código necessário para levar o Homem à Lua e que, como Katie, possibilitou um feito histórico.

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