Daniel Chapo quer combate ao terrorismo liderado pelas Forças Armadas moçambicanas
Grupos terroristas operam na região de Cabo Delgado desde 2017.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou esta quinta-feira que o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, norte do país, deve ser assumido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), e não por forças estrangeiras, que estão no terreno.
"Reiteramos que, no combate ao terrorismo, quem deve tomar a dianteira somos nós, moçambicanos, e não os nossos irmãos de país e amigos que vêm nos ajudar, os quais sempre agradecemos", disse Chapo, ao intervir nas comemorações do 61.º aniversário da FADM, na Matola, província de Maputo, data que marca igualmente o início da luta armada no país contra o regime colonial, em 25 de setembro de 1964.
"Os nossos veteranos da luta de libertação nacional tiveram apoio internacional, da China, da Argélia e de tantos outros países (...), mas quem sempre esteve na vanguarda da luta foram os guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique [Frelimo, partido no poder desde 1975]. Por isso, tal como na luta pela independência, hoje as Forças de Defesa e Segurança são desafiadas a posicionar-se na linha de frente no combate ao terrorismo", apelou Daniel Chapo.
Em Cabo Delgado, província rica em gás, as Forças Armadas de Moçambique contam com o apoio, no combate aos grupos terroristas que operam na região desde 2017, com forças do Ruanda e da vizinha Tanzânia, ao abrigo de um acordo de apoio transfronteiriço, enquanto a missão militar dos países da África Austral deixou o terreno em julho de 2024.
Moçambique e o Ruanda assinaram em 27 de agosto último, em Kigali, durante a visita do chefe de Estado moçambicano, um acordo sobre o Estado da Força (SOFA, Status of Forces Agreement, na sigla inglesa), ditando as regras da utilização das tropas ruandesas que estão a trabalhar no combate, desde 2021, aos grupos extremistas que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado.
O Presidente de Moçambique afirmou, na altura, que o instrumento jurídico não representa a criação de um novo acordo militar e não prevê o aumento do contingente ruandês no país.
Atualmente, os dois países cooperam, principalmente, na área militar com uma força de mais de dois mil militares ruandeses no combate aos grupos extremistas que operam na província de Cabo Delgado, protegendo nomeadamente a área em que a francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural.
A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia, com registo de vários mortos.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt