Das vítimas aos andaimes de bambu. O que já se sabe sobre o terrível incêndio em Hong Kong
Um complexo residencial composto por várias torres ardeu. Investigadores ainda não apuraram as verdadeiras causas enquanto continuam a subir o número de mortos. Há para já três detidos.
Quantas vítimas existem até ao momento?
O número de vítimas mortais tem vindo a aumentar. Neste momento, de acordo com os dados oficiais fornecidos pelas autoridades de Hong Kong, morreram pelo menos 83 pessoas e cerca de 300 estão desaparecidas. A identidade das vítimas não foi revelada, mas sabe-se que um bombeiro de 37 anos faleceu no local.
Onde e como começou o incêndio?
O incêndio no arranha-céus em Hong Kong, num enorme complexo residencial no distrito de Tai Po, começou às 14h51 de quarta-feira, hora local, 6h51 de Lisboa. Terá tido início num andaime externo de uma das torres e depois espalhou-se pelos vários andaimes de bambu. Chegou rapidamente a outros edifícios, provavelmente devido à intensidade do vento. O condomínio integra oito torres, cada uma com 31 andares. Sete foram afetadas pelo incêndio. Erguidas em 1983, atualmente estavam em obras de manutenção. Tai Po é um bairro residencial na zona norte de Hong Kong, perto de Shenzhen, na China. Trata-se de um condomínio composto por 1984 apartamentos, com cerca de 4500 moradores. Nas primeiras horas desta quinta-feira, os incêndios foram extintos em três edifícios, mas quatro ainda apresentavam “vestígios dispersos de fogo”.
Quais as causas?
Ainda não são conhecidas, mas uma investigação preliminar já avançou que a rapidez com que as chamas se propagaram não é uma situação normal. Ainda de acordo com as primeiras investigações, feitas por peritos da polícia local, foram encontradas telas metálicas e lonas de plástico na parte externa das torres do complexo. Foi também encontrado esferovite e um material altamente inflamável nas janelas, o que juntamente com outros materiais de construção igualmente inflamáveis pode ter levado à rapidez com que as chamas se propagaram. Outro dos fatores que pode ter contribuído para as chamas intensas foram os andaimes de bambu, comuns em projetos de construção em reformas de prédios em Hong Kong. O governo local já tinha informado no início deste ano que iria começar a substituir este tipo de andaimes por metal por razões de segurança.
Já houve detidos?
Foram até ao momento detidos três homens no âmbito da investigação, com idades entre os 52 e os 68 anos. Estão a ser investigados por suspeitas de homicídio culposo. Dois deles são diretores de uma construtora civil, o outro é consultor de engenharia. Um porta-voz policial referiu que neste momento as autoridades estão a investigar se as diretrizes relativas às obras de manuteção nas torres estavam de acordo com todas as normas de segurança exigidas para um projeto deste tipo. "Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando num grande número de vítimas", disse um porta-voz da polícia. Alguns moradores da vizinhança afirmaram que os alarmes de incêndio não tocaram. O nome da empresa responsável pela obra não foi revelado, mas a polícia realizou buscas no escritório da Prestige Construction and Engineering Company nesta quinta-feira. Segundo a imprensa local, os agentes apreenderam caixas de documentos como prova.
Qual a real gravidade do incêndio?
De acordo com os media de Hong Kong, este incêndio foi classificado como de nível cinco de alerta, o mais alto em termos de gravidade. É considerado o pior em várias décadas a afetar o centro financeiro desta região chinesa, o mais grave desde a II Guerra Mundial. Um dos últimos, em novembro de 1996, vitimou 41 pessoas num prédio comercial. Os incêndios em Hong Kong eram comuns há uns anos, especialmente em bairros mais pobres. Mas o governo local tem intensificado as medidas de segurança e tornaram-se menos frequentes.
Que tipo de ajudas já foram anunciadas?
O governo de Hong Kong já anunciou que vai criar um fundo de assistência para o bairro social Wang Fuk Court, atribuindo 300 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de 38,5 milhões de dólares) para auxílio aos residentes afetados, afirmou o chefe do Executivo, John Lee. Além disso foram avançadas outras medidas, como um evento em memória das vítimas. Foi ainda feito um pedido no sentido de a população e as empresas poderem fazer donativos. O governo cancelou entretanto todos os eventos programados e nenhum elemento irá participar em eventos públicos “desnecessários”.
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