Dia 'quente' no Brasil acaba com Bolsonaro vaiado e Sérgio Moro intitulado de ladrão
Incidentes aconteceram em dia particularmente 'quente' na política brasileira.
Num dia especialmente 'quente' na política brasileira, o presidente Jair Bolsonaro foi esta terça-feira alvo de fortes vaias em duas ocasiões em cidades diferentes, e o ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, foi chamado de "juiz ladrão" durante sessão do parlamento a que foi para se explicar sobre o conteúdo de mensagens vazadas que o comprometem.
Os incidentes deixaram bastante claro que o congresso e a população perderam a paciência com Bolsonaro e o seu governo, após seis meses de muitas discussões ideológicas e religiosas sem sentido e nenhuma proposta efetiva para resolver os problemas do país.
Bolsonaro foi vaiado e hostilizado pela primeira vez nesta terça-feira no próprio Congresso, mesmo sem estar lá, por representantes de associações de polícias de todo o Brasil e por deputados oriundos das forças de segurança.
Revoltados com o incumprimento do presidente que lhes prometeu garantir regime especial das novas regras da Segurança Social que estão a ser discutidas no parlamento, dezenas de polícias e ex-polícias eleitos deputados fizeram um protesto num dos grandes salões gritando: "Bolsonaro traidor" e discursando com críticas ao governante.
À noite, Bolsonaro foi alvo de outra manifestação de reprovação, esta de dimensões maiores e levada a cabo por cidadãos comuns.
No intervalo da partida entre as seleções do Brasil e da Argentina no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, ao entrar sorridente no relvado e imaginando que ia receber uma chuva de aplausos, Bolsonaro foi claramente surpreendido por uma enxurrada de vaias, que o obrigaram a sair dali rapidamente, rodeado pela legião de seguranças que sempre o cerca.
À mesma hora, em Brasília, Sérgio Moro estava a ser questionado por mais de uma centena de deputados sobre as mensagens que alegadamente mostram que Moro manipulou a operação anti-corrupção Lava Jato e violou várias vezes a lei para conseguir condenar suspeitos, principalmente o ex-presidente Lula da Silva.
A certa altura, o deputado Glauber Braga, do Partido Socialismo e Liberdade(PSOL) gritou alto e em bom som que Sérgio Moro se deixou corromper pelas elites que queriam impedir que Lula e a esquerda voltassem ao poder e que foi comprado para não permitir isso, ganhando, entre outras coisas, como recompensa o atual cargo de ministro.
A sessão continuou ao rubro quando Glauber chamou Moro com todas as letras de "juiz ladrão", afirmando que seria assim que o ex-magistrado entraria para os livros de história.
Moro mostrou algum nervosismo ao ficar vermelho e começar a rasgar papéis que tinha nas mãos, e pouco tempo depois, aproveitando o tumulto que se tinha gerado na sala do parlamento, saiu e não voltou, pondo fim à sessão quando ainda havia dezenas de parlamentares inscritos para lhe fazerem perguntas.
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