Diretor da polícia catalã libertado após novo interrogatório, mas fica sem passaporte
Ministério Público tinha pedido prisão preventiva para Josep Trapero, acusado de nada fazer para travar referendo ilegal.
O comissário dos Mossos d'Esquadra, Josep Lluís Trapero, saiu esta segunda-feira em liberdade depois de ser ouvido pela segunda vez num processo em que é acusado do crime de sediação (incitamento a tumulto). O responsável máximo da polícia regional da Catalunha conseguiu evitar o pedido do Ministério Público, que pretendia a sua prisão preventiva, mas ficou obrigado a apresentar-se em tribunal de 15 em 15 dias e viu o seu passaporte ser-lhe retirado e decretada a proibição de sair de Espanha.
Segundo o jornal El Pais, a juíza que dirigiu o interrogatório considera que Trapero foi responsável pela inação dos Mossos d'Esquadra para travar o referendo ilegal de 1 de outubro, em que 90% dos catalães votaram pela independência. Trapero terá dado ordens aos agentes para protegerem os organizadores do referendo.
O caso está a ser apreciado pelo Ministério Público da Audiência Nacional - uma instância especial da justiça espanhola - tinha pedido esta segunda-feira prisão sem direito a fiança para o chefe dos Mossos d'Esquadra pela inação no referendo de independência da Catalunha, a 01 de outubro.
A juíza Carmen Lamela da Audiência Nacional - uma instância especial espanhola com jurisdição nacional e especializada em crimes graves, como corrupção e terrorismo - decidiu esta segunda-feira não aceitar o pedido dos procuradores para a prisão sem direito a fiança do major Josep Lluís Trapero.
Trapero, que prestou declarações em tribunal durante quase duas horas como investigado por sedição, abandonou o tribunal cerca das 15h25 (menos uma hora em Lisboa), regressando novamente às 18h00 para ouvir a decisão da juíza.
Antes do líder da polícia regional, a juíz Lamela já tinha deixado sair em liberdade a intendente da polícia regional da Catalunha, os Mossos d´Esquadra, Teresa Laplana, mas exigindo apresentações quinzenais, a entrega do passaporte e a proibição de sair de Espanha. O Ministério Público tinha pedido prisão para Teresa Laplana com fiança de 400 mil euros.
O processo independentista da Catalunha entrou num novo momento crítico na sequência da realização, a 1 de outubro, de um referendo pela soberania na região, considerado ilegal pela justiça espanhola. Na consulta - organizada pelo governo regional e dirigido apenas aos catalães, o que contraria a Constituição - o "sim" ganhou com 90% dos votos, mas os resultados não foram certificados por entidades independentes.
A votação ficou marcada por cargas policiais da Guardia Civil e da Polícia Nacional espanhola, que visavam impedir o referendo, uma vez que a grande maioria dos agentes da polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra, não cumpriu uma ordem nesse sentido do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.
Foram apresentadas várias queixas contra os Mossos d'Esquadra, considerando que a polícia regional agiu como "polícia política" a mando da Generalitat (governo regional), que defendia não só a realização do referendo ilegal como a resposta "sim" no mesmo.
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