ESPERANÇA NUM ESCRUTÍNIO LIMPO

Hoje e amanhã decide-se o futuro de Moçambique nas urnas. Nestas terceiras eleições multipartidárias do país, perto de nove milhões de eleitores vão manifestar pelo voto se apostam na continuidade ou se arriscam a alternância. Os observadores internacionais presentes no terreno não lograram o desejado acesso a todas as fases do processo eleitoral, mas manifestam esperança num escrutínio em ‘ambiente de paz’.

01 de dezembro de 2004 às 00:00
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Muito embora nas presidenciais estejam em liça cinco candidatos e nas legislativas concorram 21 partidos e coligações, a disputa, num e noutro escrutínio, tem como principais protagonistas a Frelimo, no poder desde a independência, em Junho de 1975, e a Renamo-União Eleitoral.

Pelo peso que têm no país os partidos que representam, Armando Guebuza (Frelimo), e Afonso Dhlakama (Renamo), são os principais adversários destas presidenciais, deixando pouca margem de esperança para Raúl Domingos (Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento), Yaqub Sibindy (Partido Independente de Moçambique), e Carlos Reis, (Frente para a Mudança e Boa Governação).

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A transparência do processo eleitoral desempenha um papel fulcral nestas eleições, com Dhlakama, que se disse ‘roubado’ no último escrutínio, a advertir que desta feita os seus apoiantes não aceitarão uma fraude.

A monitorização internacional está a cargo dos observadores da União Europeia, do Centro Carter e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que, no entanto, apenas terão acesso à contagem dos sufrágios nas assembleias de voto, não lhes sendo permitido participar em todas as fases do processo, o que tem causado mau estar e desconfianças. Ainda assim os observadores mostram-se optimistas e esperam um “escrutínio tranquilo”.

CHISSANO

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O presidente cessante, Joaquim Chissano, apelou ao civismo e pediu aos candidatos que aceitem os resultados. “Temos de voltar a mostrar que somos capazes de organizar eleições ordeiras, livres e justas”.

GUEBUZA

Armando Guebuza, o candidato da Frelimo, vai continuar as reformas económicas iniciadas por Chissano: “Temos bons programas (...), precisamos de aumentar a eficiência e lutar firmemente contra a corrupção”.

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DHLAKAMA

Afonso Dhlakama, candidato da Renamo, prometeu separar o governo do partido. “Uma das razões para a existência de corrupção é não haver esta separação.Eu, Dhlakama, vou alterar isso se for presidente”.

URNAS DE VOTO EM LISBOA E PORTO

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Nestas eleições podem participar pela primeira vez os mais de 46 mil eleitores moçambicanos residentes no estrangeiro, para os quais foram disponibilizadas 300 assembleias de voto na Europa e África.

Segundo afirmou ao CM Samuel Augusto, adido de Imprensa da missão diplomática moçambicana em Lisboa, no território português, onde residem por volta de 8000 moçambicanos, só se recensearam pouco mais de 900 (cerca de 230 no Porto e os restantes em Lisboa) e são estes que poderão exercer o seu direito cívico na embaixada de Moçambique em Lisboa ou no Consulado de Moçambique no Porto, entre as 10 e as 21 horas.

A Alemanha é o único outro país europeu onde foram montadas assembleias de voto. Os resultados serão divulgados no último dia da votação.

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Os moçambicanos na diáspora não aderiram em massa a esta possibilidade de intervirem na escolha do presidente e do partido que irá governar o seu país. Efectivamente, a taxa de recenseamento, sobretudo na Europa, ficou muito aquém das expectativas.

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