Estado de São Paulo tem mais de 2000 incêndios em apenas dois dias. Ar irrespirável em dezenas de cidades
Governador declarou estado de alerta máximo.
Numa tragédia ambiental e humana sem precedentes na região, o estado brasileiro de São Paulo registou em apenas dois dias, quinta e sexta-feira, o assustador número de 2316 incêndios florestais, provocando a morte de duas pessoas e praticamente "fechando" importantes cidades, onde o ar ficou irrespirável.
Os dados, superiores até aos registados no mesmo período na soma de todos os estados da região amazónica, que também está a bater recordes de incêndios, foram divulgados este sábado, 24 de agosto, pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que monitora o avanço das labaredas em tempo real.
Esse número de focos de incêndio, que as autoridades avançaram que em mais de 90% dos casos tiveram origem em ações humanas intencionais ou não, é sete vezes maior do que todos os sinistros do género registados nos 31 dias do mesmo mês de agosto do ano passado.
Em agosto de 2023, o estado de São Paulo, o mais rico e populoso do Brasil, com 45 milhões de habitantes e uma agricultura e uma indústria muito fortes, teve 352 incêndios, número considerado elevado na época, mas que este ano, em 48 horas, foi imensamente superado.
As chamas estão a deflagrar, ou pela ação criminosa do homem, ou devido a uma das maiores secas das últimas décadas e a temperaturas muito acima do normal, no centro do estado, nomeadamente na região de Ribeirão Preto, rica cidade agrícola com 711 mil habitantes, e no noroeste Paulista, afetando cidades importantes como São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Bauru, entre muitas outras.
Esta sexta-feira, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, declarou estado de alerta máximo contra incêndios em 30 cidades do interior e criou um gabinete de crise para estudar e adotar medidas emergências.
As densas nuvens de fumo provocadas por dezenas de milhares de hectares a arder tornaram irrespirável o ar em cidades como São José do Rio Preto, por exemplo, onde a população de 465 mil pessoas foi orientada a usar máscaras e a não sair de casa, e onde escolas e até comércios e empresas foram obrigadas a fechar.
Em Urupês, dois homens que combatiam as chamas numa fábrica morreram esta sexta-feira, e em Pitangueiras, o fumo que cobriu uma estrada nacional provocou a colisão em série entre nove veículos, entre automóveis e camiões, deixando duas pessoas feridas.
Mesmo a centenas de quilómetros dali, na cidade de São Paulo, com os seus mais de 12,5 milhões de habitantes, os milhares de incêndios que lavram no interior do estado destruindo florestas, canaviais e grandes propriedades agrícolas, provocam desconforto e mudança de rotina.
O cheiro a queimado tomou conta das ruas da maior cidade do país, o céu está ainda mais cinzento e, mesmo com as janelas fechadas, as casas ficam com o chão, paredes e móveis pretos pelo acúmulo de fuligem que conseguiu entrar pelas frestas.
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