"Estou disposto a ir às últimas consequências": filho de Bolsonaro ameaça juiz que está a julgar o pai
Juiz Alexandre de Moraes comanda o julgamento contra o ex-presidente do Brasil por tentativa de golpe de Estado.
O deputado federal brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, fez uma ameaça direta ao juiz Alexandre de Moraes, que comanda o julgamento contra o ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Em Washington, nos Estados Unidos, onde comanda há meses uma campanha contra Moraes que já acarretou sanções ao magistrado e ao Brasil por parte do governo de Donald Trump, Eduardo deixou claro que não terá limites na sua missão de tentar afastar o juiz que pode mandar o pai dele para a prisão por mais de 40 anos.
“Estou disposto a ir às últimas consequências para retirar esse psicopata do poder. Se depender de mim, a gente vai continuar aqui duplicando a aposta até que a pressão seja insustentável e as pessoas que sustentam o Moraes larguem a mão dele e o deixem ir sozinho para o abismo”, declarou Eduardo Bolsonaro, que está em território norte-americano desde fevereiro pressionando o governo de Donald Trump a usar a força política e económica dos EUA para pressionar o STF e, particularmente, Alexandre de Moraes, a evitar a condenação do ex-presidente.
Até agora, a articulação de Eduardo Bolsonaro junto a autoridades norte-americanas já custou a imposição de uma sobretaxa de 50% a milhares de produtos exportados pelo Brasil para os EUA e a proibição de entrada no país de oito dos onze juízes do STF e duas autoridades do atual governo de Lula da Silva. No caso de Moraes, os Estados Unidos aplicaram-lhe ainda punições previstas na Lei Magnitsky, geralmente usada contra ditadores e violadores em massa de direitos humanos em outros países, determinando o confisco de eventuais bens do juiz em território-americano, a proibição de realizar quaisquer transações financeiras em instituições bancárias com sede ou representação nos EUA, o que inclui, por exemplo, o uso de cartões de crédito das bandeiras mais usadas no mundo.
Em Washington, o filho de Jair Bolsonaro vai ter encontros no Departamento de Estado e no Departamento do Tesouro e com assessores da Casa Branca. Segundo o parlamentar brasileiro, que se afastou do mandato para comandar esse movimento nos EUA, as autoridades norte-americanas estão a preparar novas e mais pesadas sanções contra o Brasil e contra o Supremo Tribunal, que serão anunciadas em breve.
Num efeito colateral que provavelmente não esperava, a atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA já custou a liberdade do pai, Jair Bolsonaro, colocado em prisão domiciliária com uso de pulseira eletrónica por Alexandre de Moraes. O magistrado considerou que as ações do deputado nos EUA configuram, além de crime de lesa-Pátria, obstrução de justiça e abriu um processo contra o filho de Bolsonaro e o antigo presidente, considerado cúmplice do filho por ser ele quem financia a estada de Eduardo em território americano. Mandou, ainda, prender o ex-chefe de Estado após o descumprimento da proibição de usar redes sociais.
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