Estudo inédito sobre Marte revela que planeta difere mais da Terra do que se pensava

Dois investigadores portugueses estudam ondas atmosféricas de Marte.

11 de março de 2025 às 18:50
Planetas Foto: NASA/JPL-Caltech
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Um estudo inédito coordenado por dois investigadores portugueses, sobre ondas atmosféricas de Marte, concluiu que este planeta difere mais da Terra do que se pensava anteriormente.

O estudo, divulgado recentemente na publicação da especialidade Journal of Geophysical Research, tem como coordenadores e primeiros autores Pedro Machado e Francisco Brasil, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

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Segundo Pedro Machado, astrofísico e docente da FCUL, trata-se do "primeiro artigo sobre a temática".

O investigador do IA, especialista no estudo de atmosferas planetárias, adiantou que o trabalho faz uma caracterização abrangente das ondas atmosféricas marcianas, permitindo concluir que há uma "diferença assombrosa entre o hemisfério norte e o hemisfério sul" do planeta.

"É como se fossem dois planetas diferentes", disse Pedro Machado hoje à Lusa, assinalando que as ondas que se propagam na atmosfera de Marte, transportando energia e movimento, são difíceis de detetar e caracterizar porque o planeta tem poucas nuvens.

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Contudo, de acordo com o investigador e docente, orientador do doutorando Francisco Brasil, são um elemento "importante para compreender a dinâmica da atmosfera de um planeta" e o seu clima.

No caso de Marte, são o "gatilho" das tempestades de poeira, mais frequentes no hemisfério norte.

O estudo veio revelar que o "planeta vermelho" difere mais da Terra do que se pensava anteriormente. E Pedro Machado explica porquê: na Terra as ondas atmosféricas "são quase simétricas" nos dois hemisférios, enquanto em Marte "são assimétricas" em ambos os hemisférios, variando o seu número, intensidade, extensão e largura consoante a estação do ano ou a altura do dia.

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A equipa de investigação, da qual fazem parte mais dois portugueses da FCUL e do IA, José Eduardo Silva e Daniela Espadinha, e colaboradores estrangeiros, recorreu a dados recolhidos pela sonda europeia Mars Express, na órbita de Marte há mais de 20 anos, e a métodos de análise das ondas atmosféricas de Vénus que foram afinados.

Os cientistas debruçaram-se sobre as ondas atmosféricas marcianas associadas a nuvens de gelo seco, nuvens de gelo de água e nuvens de poeira em diferentes altitudes.

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