EUA garante que redução das suas tropas na Europa não equivale a "uma retirada"
Administração de Trump tem estado a rever a postura militar, mas os responsáveis norte-americanos afirmaram que as conclusões não deverão ser conhecidas antes de 2026.
Os Estados Unidos rejeitaram esta quarta-feira que a redução de parte do seu contingente militar na Roménia signifique "uma retirada" do continente europeu.
"Não se trata de uma retirada norte-americana da Europa, nem de um sinal de redução do compromisso com a NATO e com o artigo 5" do tratado, que exige que cada um dos 32 países da aliança atlântica venha em auxílio de um país membro em caso de ataque, declarou o exército dos Estados Unidos para a Europa e África em comunicado.
Acrescentou que a 2.ª Brigada de Infantaria da 101ª Divisão Aerotransportada regressará à sua base no Kentucky, nos Estados Unidos (EUA), mas que não haverá outras tropas norte-americanas na Europa para a substituir.
De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), os membros da NATO têm manifestado preocupações relativamente à postura da administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que admitiu reduzir drasticamente o contingente militar na Europa e deixar um vazio de segurança, num momento em que os países europeus enfrentam tensões com a Rússia.
"Este é um sinal positivo de maior capacidade e responsabilidade europeia. Os nossos aliados da NATO estão a responder ao apelo do Presidente Trump para assumirem a responsabilidade primária pela defesa convencional da Europa", acrescentou a nota do exército.
Recentemente, a NATO tem vindo a reforçar a sua postura defensiva no seu flanco oriental, na fronteira com a Bielorrússia, a Rússia e a Ucrânia, após uma série de violações do espaço aéreo por drones, balões e aviões russos.
A administração Trump tem estado a rever a sua postura militar na Europa e noutros locais, mas os responsáveis norte-americanos afirmaram que as conclusões da revisão não deverão ser conhecidas antes do início do próximo ano.
Washington, dependendo das operações e exercícios, tem destacados entre 80.000 e 100.000 soldados em solo europeu.
Esta quarta-feira, o Ministério da Defesa Roménia garantiu num comunicado que cerca de mil soldados norte-americanos permanecerão estacionados em território romeno após a reavaliação.
"A decisão dos Estados Unidos é suspender a rotação, na Europa, de uma brigada que tinha unidades destacadas em vários países da NATO", referiu o ministério, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Em abril, estimava-se que mais de 1.700 militares norte-americanos estivessem destacados no país.
Uma brigada tem normalmente entre 1.500 e 3.000 efectivos.
Um responsável da NATO disse em Bruxelas que o ajustamento não impedirá os Estados Unidos de continuarem a manter na Europa "muito mais forças" do que antes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O ministro de Defesa romeno, Ionut Mosteanu, afirmou numa conferência de imprensa após a divulgação do comunicado que a decisão não significa uma retirada das forças dos Estados Unidos na Europa.
Trata-se, sim, do "fim da rotação de uma brigada que tinha elementos em vários países da NATO, incluindo a Bulgária, a Roménia, a Eslováquia e a Hungria", precisou Mosteanu.
"Cerca de mil soldados americanos permanecerão na Roménia, contribuindo para dissuadir qualquer ameaça e representando uma garantia do compromisso dos Estados Unidos com a segurança regional", reforçou.
O ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, disse aos jornalistas que Varsóvia "não recebeu qualquer informação, ao contrário de outros países que receberam hoje, como a Roménia, sobre uma redução do contingente na Polónia", segundo a AFP.
Também a Lituânia afirmou desconhecer da decisão do exército norte-americano.
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