Falsificavam metralhadoras "Made In Israel" na periferia de São Paulo
Suspeitos registavam nas armas números de série muito parecidos aos que os fabricantes oficiais usam.
A polícia de São Paulo, Brasil, descobriu e desmantelou numa casa simples de uma cidade vizinha, Ferraz de Vasconcelos, uma fábrica clandestina de armas de guerra, que produzia metralhadoras capazes até de derrubar aeronaves.
Ao invadirem o imóvel, uma casa aparentemente inocente numa rua residencial daquela cidade pobre da periferia do extremo leste da capital paulista, os agentes descobriram equipamentos modernos para a fabricação de armas, várias metralhadoras já prontas para entrega e munições, incluindo .50, que furam blindagens de carros-forte e alcançam até aeronaves.
Apesar de a fábrica ser caseira, a sofisticação da falsificação era muito grande, fazendo as metralhadoras parecerem autênticas. Os criminosos, um dos quais foi preso em flagrante quando a polícia invadiu a casa, registavam nas armas números de série muito parecidos aos que os fabricantes oficiais usam, e gravavam nas coronhas de madeira até a inscrição "Made in Israel", simulando a origem do armamento.
No momento da invasão, cinco metralhadoras já estavam montadas e prontas para serem entregues aos compradores, que pagariam por cada uma delas, dependendo do modelo e do poder de fogo, a partir de quatro mil euros, muito abaixo do valor de uma arma semelhante original. No telemóvel e no computador portátil do homem preso no local foram encontrados dados sobre clientes que já receberam as suas armas e outros que ainda esperavam a entrega dos seus pedidos.
Os criminosos tinham feito falsas paredes de gesso na cozinha da casa, escondendo peças e munições no espaço entre essas paredes artificiais e as verdadeiras. No portátil também foram encontrados projectos detalhados para a fabricação tanto de metralhadoras quanto de outros tipos de armas de grosso calibre.
A polícia chegou até à fábrica clandestina em Ferraz de Vasconcelos após meses de investigação que se seguiram à apreensão de armas de guerra num bairro da zona leste de São Paulo próximo àquela cidade vizinha, Guaianazes. Agora, as informações localizadas no telemóvel e no portátil vão ser analisadas, para se tentar chegar aos criminosos que adquiriram as armas já entregues e aos que tinham feito pedidos.
A utilização por quadrilhas organizadas de armas de grosso calibre, de uso exclusivo das Forças Armadas e de grupos de elite da polícia, é cada vez mais frequente em São Paulo, mas as autoridades imaginavam que essas armas eram originais e importadas ilegalmente. Com a descoberta das armas falsas meses atrás em Guaianazes e da fábrica em Ferraz de Vasconcelos, a polícia paulista descobriu que, afinal, ao contrário do que se pensava, algumas armas utilizadas pelo crime organizado podem estar a ser fabricadas em território brasileiro, o que muda ou, ao menos, amplia, o foco do combate a esse tipo de crime.
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