Governo avança para suspender autonomia da Catalunha

Conselho de Ministros aprova amanhã o controlo direto das instituições catalãs.

20 de outubro de 2017 às 08:58
O líder do PSOE, Pedro Sánchez, apoia o governo de Mariano Rajoy na aplicação do artigo 155 mas pede uma intervenção o mais breve possível na Catalunha Foto: EPA
Mariano Rajoy Foto: Getty Images
Charles Puigdemont, antigo presidente da Catalunha Foto: Getty Images
Carles Puigdemont Foto: Getty Images

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O governo espanhol vai avançar para a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola se até amanhã o presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, não recuar no desafio separatista. Mas Puigdemont não pretende recuar e frisou mesmo, em carta ao governo de Mariano Rajoy, que se for aplicado o artigo que suspende a autonomia da Catalunha o parlamento catalão "votará a independência que não votou no dia 10".

O líder catalão tinha até ontem para esclarecer se declarou a independência. Na sua carta deixou implícito que não o fez, mas alertou que se Rajoy "persiste em impedir o diálogo e continua a repressão" avançará para a rutura com Espanha.

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Ante a resposta negativa do governo catalão, Rajoy levará amanhã a conselho de ministros extraordinário a aprovação do artigo 155, que considera necessária "para restaurar a legalidade na Catalunha". A decisão será enviada depois ao Senado, ao qual cabe aprovar, em sessão plenária, as medidas concretas a adotar.

Como este processo demorará pelo menos até ao final do mês, o governo da Catalunha tem ainda cerca de dez dias para "fazer marcha atrás" e convocar eleições, referiu fonte do PSOE. Contudo, Puigdemont não se tem mostrado aberto a convocar eleições, pelo que esta tábua de salvação deverá ser rejeitada.

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O PSOE, refira-se, apoia Rajoy na aplicação do artigo 155, mas os socialistas entendem que, apesar da "inadmissível ameaça" da Catalunha de votar uma independência unilateral, a suspensão da autonomia deve ser "o mais breve possível" e não deve "afetar o sistema institucional" catalão. Para isso advogam a criação de estruturas de poder paralelas.

Por seu lado, o partido Cidadãos pediu ação rápida a Rajoy, frisando que "uma democracia não pode aceitar chantagens" e acusando Puigdemont de estar à margem da lei.

PORMENORES 

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Apoio de Paris e Berlim

A chanceler Angela Merkel e o presidente Emmanuel Macron reiteraram ontem apoio ao governo espanhol e a uma solução constitucional para o problema nacionalista da Catalunha.

Não declarou secessão

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Na carta enviada ao governo espanhol, Carles Puigdemont sublinha que no dia 10 o parlamento catalão "não votou" uma declaração de independência. Contudo, esta resposta não basta a Madrid, que ontem queria que o governo catalão desse um passo atrás e restabelecesse a ordem constitucional ou convocasse eleições.

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