Guiné-Conacri suspende canal de notícias Africa 24 por "exercício ilegal da profissão"

Suspensão do canal acontece a poucos dias das eleições presidenciais no país.

22 de dezembro de 2025 às 11:31
Trata-se do primeiro canal internacional suspenso pelas autoridaes do país Foto: Getty Images
Partilhar

O regulador dos meios de comunicação social da Guiné-Conacri anunciou no domingo à noite a suspensão do canal de notícias Africa 24, do camaronês Constant Nemale, por "exercício ilegal da profissão", a poucos dias das eleições presidenciais.

Esta é a primeira suspensão de um canal internacional anunciada pela Alta Autoridade da Comunicação (HAC, na sigla em francês), que suspendeu temporária ou definitivamente vários meios de comunicação nos últimos anos, noticia a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

Pub

Os guineenses são chamados a votar no próximo domingo, numa eleição presidencial que deverá consumar o regresso à ordem constitucional após um golpe de Estado em 2021 que levou ao poder a junta militar do general Mamadi Doumbouya, agora candidato a esta eleição sem oposição significativa.

Numa decisão publicada no domingo à noite, a Alta Autoridade anunciou a suspensão da transmissão do canal Africa 24 no território nacional, acusando-o de "exercício ilegal da profissão", após ter realizado reportagens sobre a campanha eleitoral sem autorização prévia, escreve a AFP.

O regulador salienta que um pedido de acreditação do canal estava "em análise", mas tinha sido "atrasado por falta de documentos exigidos por lei".

Pub

Além da proibição de transmissão, a HAC ordena a ocultação da Africa 24 do pacote Canal+ neste país africano que faz fronteira, a nordeste, com a Guiné-Bissau.

A junta atualmente no poder é acusada de restringir a liberdade dos meios de comunicação, bloqueando-os ou suspendendo-os.

Segundo os profissionais, a junta deteve e depois libertou vários jornalistas, incluindo Habib Marouane Camara, que dirige o site Lerevelateur224, que está desaparecido desde dezembro.

Pub

Desde a chegada da junta ao poder, vários partidos políticos foram suspensos, as manifestações, proibidas desde 2022, são reprimidas e muitos líderes da oposição e da sociedade civil foram detidos, condenados ou forçados ao exílio.

As notícias de desaparecimentos forçados e raptos multiplicaram-se nos últimos anos, aponta ainda a AFP.

Apesar da sua repetida promessa de devolver o poder aos civis no final de um período de transição, o general Mamadi Doumbouya candidata-se à presidência e parece ter a vitória garantida, na ausência de um adversário de peso.

Pub

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar