Índia vai gastar 15.400 milhões de euros em caças e navios de guerra
Embarcações terão capacidade para transportar e projetar grandes contingentes de tropas e veículos, além de dispor de capacidades ofensivas.
A Índia encomendou esta quinta-feira 97 caças 'Tejas', de produção local, no valor de 6.500 milhões de euros, e prepara um concurso público para construir quatro navios de assalto anfíbios no montante de 8.900 milhões de euros.
O Ministério da Defesa anunciou ter assinado "um contrato com o grupo público Hindustan Aeronautics Limited (HAL) para a aquisição de 97 aviões de combate ligeiros (LCA) 'Mk1A', incluindo 68 caças e 29 'biplaces'". A entrega começará em 2027-2028 e deverá prolongar-se por seis anos, precisou o ministério.
A encomenda foi feita na véspera do último voo do MiG-21 russo, em serviço há várias décadas. Os primeiros caças 'Tejas' -- que significa "brilho" em hindi -- foram integrados na Força Aérea indiana em 2016.
A Índia, um dos maiores importadores de armas do mundo, fez da modernização das Forças Armadas uma prioridade e tem intensificado os esforços para estimular a produção local de armamento.
Por seu lado, a Marinha indiana também anunciou esta quinta-feira estar a preparar um concurso público para a construção de quatro navios de assalto anfíbio, naquele que será um dos maiores contratos da sua história naval.
O projeto encontra-se numa fase inicial, indicaram à EFE fontes do Ministério da Defesa indiano, que asseguram que a proposta da Marinha será avaliada "em breve" numa reunião de alto nível para obter a chamada "Aceitação de Necessidade", a primeira aprovação formal indiana que autoriza o início do processo de aquisição.
Uma vez obtida esta aprovação, o Ministério da Defesa lançará o concurso formal ou "Pedido de Proposta" (RFP), convidando os estaleiros a apresentar candidaturas.
O valor estimado do projeto é "de cerca de 80 mil milhões de rupias [cerca de 8.900 milhões de euros], sendo um dos maiores do país na construção de navios de guerra de superfície", segundo disseram responsáveis de Defesa à agência indiana ANI.
Em linha com a política de autossuficiência da Índia, o concurso está reservado a empresas indianas. Entre os principais concorrentes locais estão os gigantes Larsen & Toubro (L&T), Mazagon Dock Shipbuilders Ltd (MDL), Cochin Shipyard Ltd (CSL) e Hindustan Shipbuilders Limited.
No entanto, o projeto prevê a participação de parceiros tecnológicos estrangeiros para o 'design', o que permitirá aos estaleiros indianos formar alianças com empresas como a espanhola Navantia, a francesa Naval Group ou a italiana Fincantieri.
A Navantia, que no passado já se associou ao construtor local L&T, poderá candidatar-se a uma parte do contrato avaliada em mais de 700 milhões de euros. Este valor, bastante inferior ao total, justifica-se pelo papel específico do parceiro estrangeiro, centrado no 'design' dos navios, transferência de tecnologia e fornecimento de sistemas críticos, ficando a construção a cargo dos estaleiros indianos.
A aquisição destes navios, conhecidos como Diques de Plataforma de Desembarque (LPD), visa reforçar a capacidade de assalto anfíbio da Índia e contrabalançar a presença naval da China na região do Oceano Índico.
Segundo os requisitos iniciais da Marinha, as embarcações terão capacidade para transportar e projetar grandes contingentes de tropas e veículos, além de dispor de capacidades ofensivas, incluindo mísseis antinavio de longo alcance, drones e modernos sistemas de defesa aérea.
Nova Deli sente-se ameaçada por vários países, nomeadamente o vizinho Paquistão. Em maio, as duas potências nucleares confrontaram-se militarmente durante quatro dias, na pior escalada em décadas. Ambas reivindicaram a vitória, assegurando ter abatido aviões de combate inimigos.
Em abril, a Índia assinou um acordo de vários milhares de milhões de euros para a aquisição de 26 novos aviões de combate 'Rafale', produzidos pelo grupo francês Dassault Aviation, encomenda que veio somar-se a uma primeira compra de outras 36 aeronaves idênticas já realizada por Nova Deli.
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