Irão reage aos EUA com recuo no nuclear
Teerão suspende aspetos do acordo e ameaça retomar o enriquecimento de urânio.
O presidente do Irão, Hassan Rouhani, anunciou esta quarta-feira que o seu país vai ignorar alguns aspetos do acordo nuclear assinado em 2015 com os EUA e cinco outras potências mundiais.
A decisão foi tomada quando se cumpre um ano sobre a retirada de Donald Trump do acordo e visa responder ao endurecimento das sanções dos EUA ao Irão.
O Irão vai deixar de vender o excedente de urânio enriquecido e água pesada no estrangeiro, como previa o acordo. Embora o efeito prático da decisão seja nulo, pois os EUA já tinham banido as vendas com as sanções da semana passada, Rouhani ameaça ir mais longe e retomar, dentro de 60 dias, o enriquecimento de urânio a níveis militares, se os restantes signatários do tratado nuclear (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) não protegerem o Irão das sanções dos EUA às vendas de petróleo e ao setor bancário. "Isto é uma cirurgia que visa salvar o acordo e não destruí-lo", afirmou Rouhani, sublinhando que as medidas não violam o acordo.
Falando a partir da Rússia, o MNE iraniano, Javad Zarif, reforçou acusações a Trump: "Após um ano de paciência suspendemos medidas que os EUA tornaram impossível continuar a aplicar".
PORMENORES
Aplicar novas sanções
Horas depois de o Irão anunciar a retirada parcial do acordo, os EUA prometeram novas sanções "em breve" e alertaram os parceiros europeus a não contornarem as sanções já em vigor para negociar com Teerão.
Israel não permite armas
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assegurou ontem que o seu país não permitirá ao Irão que desenvolva armas nucleares. "Vamos continuar a combater aqueles que nos querem matar", afirmou Netanyahu, reagindo às ameaças iranianas de retomar o enriquecimento de urânio.
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