João Lourenço à beira da presidência de Angola
Contagem parcial de votos dá vitória ao MPLA com 64,5% contra somente 24% da UNITA.
O MPLA é o vencedor anunciado das eleições gerais de quarta-feira, em Angola e João Lourenço será o novo presidente. Os resultados parciais do escrutínio divulgados ontem pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) davam ao MPLA, liderado por Lourenço, 64,5% dos votos contra somente 24% da UNITA.
Este resultado correspondia à contagem dos votos de quase seis milhões dos 9,3 milhões de eleitores inscritos, pelo que não são de esperar alterações de monta até ao final do escrutínio, cujos resultados serão anunciados somente em setembro.
Antes ainda de serem divulgados os resultados provisórios, o MPLA causou polémica ao anunciar "uma maioria qualificada assegurada". As palavras foram de João Martins, secretário do Bureau Político do partido de José Eduardo dos Santos. "É com tranquilidade que podemos assegurar que o futuro presidente da República será o camarada João Manuel Gonçalves Lourenço", assegurou Martins.
A isto a oposição respondeu com contagens paralelas segundo as quais o MPLA não vai chegar à maioria, como assegurou Adalberto da Costa Júnior, líder parlamentar da UNITA. A coligação CASA-CE, terceiro maior partido angolano, disse igualmente que a sua contagem de votos deixa o MPLA longe da maioria absoluta.
O sistema eleitoral angolano permite que o partido mais votado, mesmo sem maioria absoluta, designe o presidente.
Assim sendo, e apesar da contestação dos opositores, não é de esperar nesta altura uma reviravolta que ponha em causa a eleição de Lourenço para render Eduardo dos Santos no poder após 38 anos.
UNITA denuncia dados da Comissão Eleitoral
PORMENORES
Críticas de Ana Gomes
A eurodeputada Ana Gomes lamentou que a CNE não divulgue resultados parciais por municípios e províncias, que disse ser "fundamental" para a validação.
Resultado esperado
"Nunca tive a mais pequena dúvida de que o MPLA arranjaria maneira de ganhar", observou a eurodeputada.
Observadores elogiam eleições "livres e justas"
Em comunicado conjunto, Joaquim Chissano, Manuel Pinto da Costa, Pedro Pires e José Ramos-Horta registaram o "civismo e determinação" do eleitorado e aconselharam os angolanos a "aguardar com calma e serenidade" a divulgação dos resultados finais.
Os antigos chefes de Estado lusófonos, que testemunharam a votação em várias assembleias de Luanda e acompanharam a contagem dos votos e o apuramento dos resultados, garantiram não terem detetado "incidentes ou irregularidades relevantes" e mostraram-se satisfeitos com a "condução competente do processo eleitoral" por parte da Comissão Nacional Eleitoral.
"Constatámos com satisfação uma taxa de participação acima da média e a existência de muito poucos votos brancos ou nulos", acrescentaram.
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