Libertada famosa blogger síria Tal al-Mallouhi presa desde 2009

Mulher escrevia poesia e comentava a situação social.

11 de dezembro de 2024 às 00:22
Tal al-Mallouhi, blogger síria Foto: Direitos Reservados
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A blogger síria Tal al-Mallouhi, detida em 2009 aos 19 anos e depois condenada por espionagem, foi libertada, adiantou na terça-feira a mãe à agência AFP, destacando a sua "imensa alegria" por se encontrar com ela. 

Tal al-Mallouhi, agora com 33 anos, é um dos milhares de detidos libertados nos últimos dias após a ofensiva-relâmpago dos rebeldes islâmicos que tomaram cidades importantes na Síria em onze dias e afastaram o Presidente Bashar al-Assad do poder no domingo. 

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Depois de 15 anos nas prisões do governo sírio, esta mulher ainda precisa de tempo "para perceber que está livre, que tudo está bem agora e que o medo e o terror desapareceram", contou a sua mãe, Ahd al-Mallouhi, à agência France-Presse (AFP). 

No momento da sua condenação, a comunidade internacional mobilizou-se, com a França a recordar à Síria os seus compromissos internacionais em matéria de liberdade de expressão e o direito a um julgamento justo. 

Antes de ser detida, em dezembro de 2009, pouco mais de um ano antes do início da guerra na Síria, a jovem escrevia poesia e comentava a situação social. 

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Acusada de trabalhar para os serviços de informação norte-americanos (CIA), o que a sua família sempre negou, foi condenada a 5 anos de prisão, mas as autoridades nunca a libertaram no final da pena. 

"Costumava vê-la em visitas de uma hora e meia, e cada palavra era monitorizada", contou a mãe.  

A família precisará de tempo "para voltar a falar" e reconstruir-se, acrescentou. 

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O regime de Bashar al-Assad, que sucedeu ao seu pai Hafez em 2000, reprimiu metodicamente qualquer voz discordante. 

Desde o início da guerra na Síria, em 2011, desencadeada pela repressão brutal das manifestações pró-democracia, mais de 100 mil pessoas morreram nas prisões sírias, nomeadamente sob tortura, estimou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) em 2022. 

Os rebeldes declararam a 08 de dezembro Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio. 

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Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia. 

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000. 

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