Livro polémico revela vícios de Donald Trump

O presidente é retratado como predador sexual que gosta de estragar casamentos.

06 de janeiro de 2018 às 01:30
Bannon ajudou Trump a ser eleito e definiu a linha mais conservadora da sua presidência Foto: Reuters
Trump quer proibir o livro Foto: EPA
Wolff tem sido acusado por colegas de nem sempre respeitar a verdade Foto: EPA
Melania e Trump Foto: Reuters

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Mesquinho, instável, vingativo, predador. O livro ‘Fire and Fury’ (Fogo e Fúria) do jornalista Michael Wolff traça um retrato terrível de Donald Trump. Foi publicado antecipadamente esta sexta-feira nos EUA, para escapar à intimação da Casa Branca contra a editora.

Mas já se conhecem as passagens mais escabrosas. Como a predileção de Trump pelas mulheres dos seus amigos. "Na perseguição à mulher de um amigo, ele tentaria persuadi-la de que o marido talvez não fosse o que ela pensava", cita o ‘Telegraph’. A tática de ‘sedução’ passava por convidar o amigo à Trump Tower, onde o milionário fazia perguntas e propostas: "Ainda gostas de ter sexo com a tua mulher? Quantas vezes? Precisas de uma f*** melhor que a da tua mulher? Tenho raparigas a chegar de Los Angeles. Podemos passar um grande momento…". Enquanto fazia estes ‘convites’, Trump tinha o telefone em alta voz, para que a mulher desse amigo ouvisse a conversa.

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São dezenas de episódios embaraçosos para o presidente americano e para a família. O livro conta que Trump detestou a tomada de posse e que só come McDonald’s, por recear ser envenenado. Diz ainda que tem medo de viver na Casa Branca e encomendou uma tranca especial para se fechar no quarto.

Mas as revelações que primeiro causaram sensação foram as citações de Steve Bannon incluídas no livro. O ex-conselheiro de Trump acusa o filho e o genro do presidente de traição por causa de uma reunião com enviados russos, em 2016, e diz que a relação de Trump com a Rússia tem como objetivo a lavagem de dinheiro.

O estranho casamento do magnata e a ‘mulher troféu’

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O estranho casamento de Trump com Melania é desmascarado no livro de Wolff. O autor garante que antes da eleição o casal passava dias inteiros sem se ver, mesmo quando ambos estavam na Trump Tower ao mesmo tempo, e diz ainda que o filho do casal, Barron, hoje com 12 anos, é completamente ignorado pelo presidente.

Melania era uma estranha para Trump, que costumava apresentá-la como "mulher troféu" ante os desconhecidos. "Ela habitualmente não sabia onde ele estava, nem se preocupava com isso. O marido deslocava-se entre residências como quem passa de um quarto para outro na mesma casa", escreve Wolff no livro ‘Fire and Fury’.

Na noite eleitoral Melania "estava em lágrimas, e não eram de alegria", diz Wolff, segundo o qual a mulher de Trump temia perder a vida reservada que construiu para si e que dedicava essencialmente ao filho.

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Os assessores de Trump desmentiram tudo, dizendo que Melania "apoiou a decisão de Trump se candidatar e encorajou-o mesmo a fazê-lo". Contudo, todos estranharam quando adiou até ao fim, em 2017, a mudança para a Casa Branca, onde dormem em quartos separados, sendo o primeiro casal presidencial a fazê-lo desde John e Jackie Kennedy.

Autor ataca proibição

"Está a ajudar-me a vender livros e a provar o meu argumento", diz Michael Wolff, ante o esforço de Trump para proibir a obra. "É algo que nenhum outro presidente fez", frisa o autor, manifestando confiança em que a Justiça não proíba o livro.

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"Vê-se como um Deus Sol"

O livro acusa Trump de ser permeável à última opinião que ouve e de se comportar como um "Deus Sol, centro absoluto das atenções", ou como um oráculo, "que lança sentenças que precisam de ser interpretadas".

Mais de 200 entrevistas

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Trump acusou Wolff de mentir e de não ter acesso à Casa Branca, mas o autor assegura que se baseia em mais de 200 entrevistas, entre elas conversas com o próprio presidente e pessoas do círculo mais próximo deste.

Autor é acusado de tendência para exagerar e inventar

Michael Wolff é colunista da ‘New Yorker’ e muitos colegas referem a sua falta de rigor. Pessoas citadas no livro, como Tony Blair ou Steve Bannon, acusam-no de quebrar acordos de confidencialidade. O primeiro livro de Wolff é autobiográfico e nele conta como mentiu quando era empreendedor da internet.

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