Lula da Silva entrega-se este sábado após missa pela sua mulher
Ex-presidente refugiou-se no Sindicato dos Metalúrgicos mas já negociou entrega às autoridades.
O antigo presidente do Brasil, Lula da Silva, negociou com a Polícia Federal entregar-se para começar a cumprir a pena de prisão a que foi condenado este sábado. A Folha de São Paulo avança que o político se vai entregar depois de assistir a uma missa pela sua falecida mulher, Marisa Letícia, que terá lugar na manhã desde sábado em São Paulo.
O jornal avança que Lula acertou os detalhes da sua 'rendição', na madrugada deste sábado, após se reunir com os seus advogados e os seus aliados políticos. Para evitar confrontos com as centenas de militantes do PT que estão em vigília junto ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo - onde Lula passou as duas últimas noites - a Folha adianta que Lula vai sair num carro descaracterizado da Polícia Federal. O antigo presidente do Brasil tem uma pena de 12 anos de prisão para cumprir em Curitiba, depois de ter sido condenado por corrupção e outros crimes.
Refugiado na sede do sindicato
Mostrando estar disposto a lutar pela sua liberdade até ao fim, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva, condenado em janeiro a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção e com ordem de prisão desde quinta-feira, recusou esta sexta-feira cumprir o prazo que lhe foi dado pela Justiça para se entregar. Ao decretar a prisão, o juiz Sérgio Moro, coordenador da operação anticorrupção Lava Jato, deu ao ex-presidente até às 17 horas de ontem (21 horas em Lisboa), para se entregar voluntariamente, o que este não fez.
A essa hora, Lula estava refugiado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, cidade vizinha a São Paulo, onde vive e começou a sua carreira sindical e política. Milhares de simpatizantes cercavam nessa altura o sindicato, protegendo o ex-presidente de uma operação da polícia para o prender.
Informações avançadas pela própria Polícia Federal, incumbida de prender Lula, davam conta de negociações com os advogados do ex-governante para que a ordem de prisão fosse cumprida mas de forma a não colocar ninguém em risco. Não foram no entanto avançados detalhes sobre local e hora da eventual rendição de Lula.
O Sindicato dos Metalúrgicos foi chefiado por ele nos anos 80 e projetou-o como líder popular. Na noite de quinta-feira, logo após ter sido informado da ordem de prisão, refugiou-se no local. Durante a madrugada e dia de ontem, Lula, que dormiu apenas algumas horas numa sala, reuniu-se sucessivamente com lideranças aliadas, estudando a melhor estratégia, enquanto simpatizantes se concentravam em redor do imóvel, muitos deles dormindo no chão para não descurarem a proteção do ex-presidente.
No final da tarde, o Superior Tribunal de Justiça negou o habeas corpus pedido pelos advogados de Lula para tentarem evitar a prisão, e os causídicos analisavam à noite se recorreriam hoje ao Supremo Tribunal Federal com um pedido semelhante.
Partido dos Trabalhadores sem plano B
PORMENORES
Estradas bloqueadas
Militantes do Movimento dos Sem Terra, empunhando foices e enxadas, bloquearam ontem, em apoio a Lula da Silva, estradas em 13 estados do Brasil, e num deles, Paraíba, uma manifestante foi baleada por um motorista que fugiu.
Jornalistas agredidos
Repórteres que faziam a cobertura da ordem de prisão contra Lula da Silva foram agredidos, ontem, por simpatizantes do ex- -presidente, em Brasília, em São Paulo e em São Bernardo do Campo, onde ele se refugiou, na sede do sindicato dos Metalúrgicos, ameaçando não se entregar à polícia.
Cerveja à vontade
Chamou à atenção ao longo do dia de ontem a entrada ininterrupta de caixas de cerveja, carne e carvão no Sindicato dos Metalúrgicos, onde Lula estava com aliados, como se, apesar do dramatismo da situação, estivesse a decorrer uma espécie de festa de despedida ao ex-presidente.
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