Adolescente que atacou escola no Brasil apoiava Bolsonaro e "amava" armas
Guilherme vivia com os avós. Já Luiz era jardineiro e nunca deu sinais do que viria a fazer.
Um com 17 anos, outro com 26. Guilherme Monteiro e Luiz Henrique de Castro foram os protagonistas desta quarta-feira pelas piores razões. São eles os autores do ataque armado que mataram a oito pessoas numa escola em São Paulo e se suicidaram em seguida.
Quem são estes dois jovens? Guilherme Monteiro, o autor do massacre mais novo, é um fã declarado de Bolsonaro e nas suas redes socias não esconde nem a posição política nem o amor que tem por armas. Poucas horas antes do ataque, Guilherme partilhou cerca de 30 imagens onde surgia armado e com alguns gestos ofensivos. Dizia que estava prestes a "viajar para São Paulo".
"Um amor: Armas", "Eu Amo Armas" e "Portal Armas de Fogo" são algumas das páginas com as quais o jovem mais interagia, segundo a sua conta de Facebook. A página foi eliminada horas após o massacre assim como a conta do outro atirador, Luiz Henrique.
Durante a campanha, Guilherme gostou de publicações com mensagens como "o meu candidato é apoiado pela polícia, o seu é procurado por ela".
Seguindo a linha de pensamento do presidente brasileiro, Guilherme condena o feminismo. O jovem gostou de uma publicação sobre a ativista assassinada Marielle Franco cuja mensagem dizia: "trate bandidos como vítimas, e um dia a vítima será você".
Da política para as coisas mais normais da vida de um adolescente, este jovem assume-se fã de séries como Walking Dead ou Hannibal. Jogos como Call of Duty e Ghost Recon eram os seus favoritos.
A profunda investigação ao perfil de Guilherme por parte da Globo denuncia ainda problemas psicológicos pelos quais o adolescente estaria a passar.
"Quando você faz uma piada sobre suicídio e todo mundo ri, mas na verdade é um relato sobre a sua vida", lê-lhe numa publicação de 2018 em que Guilherme colocou um 'gosto'.
A revista Veja, revela que o adolescente sempre viveu com os avós - a avó morreu recentemente - porque os pais tinham problemas com drogas. Por essa razão, Guilherme nunca teve contato com os progenitores.
"Era um menino bonzinho, não tinha problemas com drogas e nunca me deu trabalho", disse o avô, que preferiu não se identificar.
O adolescente sofria também com problemas de pele. O avô pagava-lhe os tratamentos uma vez que Guilherme tinha vergonha das borbulhas que se evidenciavam no seu rosto.
O outro atirador é Luiz Henrique. Fabrício Tsutsui, advogado da família, revela que todos estão em choque. Nada fazia prever o comportamento desta quarta-feira de Luiz.
"A família é formada por idosos e estão todos perplexos", afirmou Tsutsui. De acordo com o tio de Luiz em entrevista à revista Veja, o jovem aparentava ser "tranquilo" e gostava de jogar à bola com os amigos como qualquer outro jovem.
Luiz era jardineiro e saiu normalmente para trabalhar esta manhã. Morava com os pais e os avós.
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