May rejeita proposta de acordo do Brexit
Londres acusa União Europeia de tentar “anexar” a Irlanda do Norte.
A questão da Irlanda do Norte ameaça fazer descarrilar as negociações do Brexit. Após meses de negociações inconclusivas, a tensão explodiu ontem em público, com a reação furiosa de Londres ao ‘rascunho’ do acordo apresentada pelo negociador-chefe da UE, Michel Barnier, que propõe o "alinhamento regulatório" entre aquele território britânico e a República da Irlanda após o Brexit como forma de evitar uma fronteira física, opção que foi prontamente denunciada por Londres como uma tentativa de "anexação" da Irlanda do Norte pela UE.
Na prática, o documento apresentado por Barnier não traz nada de novo. Trata-se apenas, segundo este explicou, de traduzir para linguagem legal o acordo interino que foi alcançado em dezembro entre o Reino Unido e a UE. O rascunho estabelece, ainda, que a parte que fixa a criação de uma "zona regulatória comum" é uma salvaguarda para o caso de não ser encontrada, nas negociações que ainda vão decorrer, uma solução alternativa que permita manter uma fronteira ‘suave’ entre as duas Irlandas.
Na origem do diferendo está a intenção, tanto de Londres como da UE, de manter a livre circulação de pessoas e bens entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda após o Brexit. Bruxelas defende, porém, que isso só poderá acontecer se a Irlanda do Norte mantiver a sua legislação em linha com a da República da Irlanda. Ou seja, na prática, continuará a fazer parte do mercado único.
Para os adeptos do ‘hard Brexit’ isso é inaceitável, uma vez que obrigará à imposição de controlos aduaneiros entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido. "Nenhum primeiro- –ministro britânico pode aceitar isso", disse ontem Theresa May, acrescentando que a criação de uma fronteira no Mar da Irlanda "constitui uma ameaça à integridade territorial do Reino Unido".
PORMENORES
Unionistas furiosos
Os unionistas norte-irlandeses do DUP, que sustentam a frágil maioria de Theresa May na Câmara dos Comuns, consideraram a proposta da UE como "constitucionalmente inaceitável". "Este plano é ridículo e não irá a lado nenhum", garantiu o deputado Nigel Dodds.
Dublin pede soluções
O PM da República da Irlanda, Leo Varadkar, disse ontem que os políticos britânicos e norte-irlandeses "não podem limitar-se a dizer que não". "Se não aceitam esta solução, devem apresentar propostas alternativas concretas", afirmou.
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