Médicos moçambicanos em greve marcham em Maputo por melhores condições
Protestam contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
A Associação Médica de Moçambique (AMM) vai este sábado marchar por melhores condições para a classe, no âmbito da greve que realiza desde julho, sobretudo contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
"Esperamos contar com médicos, outros profissionais de saúde e cidadãos sensibilizados pela causa", disse à Lusa o presidente da agremiação, Milton Tatie.
A marcha, marcada para as 08:00 (07:00 em Lisboa), começa na sede da AMM na avenida Eduardo Mondlane, uma das principais e ao lado do Ministério da Saúde, e termina na Praça da Independência.
Os médicos moçambicanos que convocaram a greve, com a observância dos serviços mínimos nas unidades de saúde, protestam sobretudo contra cortes salariais, no âmbito da aplicação da nova tabela salarial da função pública, e falta de pagamento de horas extraordinárias.
A greve dos médicos, que começou em 10 de julho, foi prorrogada por mais 21 dias há uma semana.
Na terça-feira, o Governo moçambicano disse que os médicos que faltarem ao trabalho devido à greve em curso vão ser responsabilizados, anunciando a contratação de novos profissionais.
"O governo não só continuará a fazer o seu trabalho no que concerne ao registo de faltas para responsabilização dos médicos faltosos, como também tem estado a pensar em estratégias que visam resolver este problema", frisou o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Filimão Suaze, após uma reunião do Governo.
A AMM classificou o posicionamento do Governo como uma intimidação, tendo submetido uma providência cautelar ao Tribunal Administrativo.
O Ministério da Saúde (Misau) afirma ter resolvido os problemas de redução e falta de pagamento de salários, enquadramento sem observar o tempo de serviço e enquadramento inferior ao acordado, estes dois últimos pontos que constam ainda das queixas apresentadas pelos médicos.
A AMM refere que durante o processo negocial com o Governo, cederam em alguns pontos do caderno reivindicativo, como no caso da redução do subsídio de exclusividade, que passou de 40 para 5%, do subsídio de risco de 30 para 5%, e do subsídio de turno, que caiu de 30% para 5%.
A aplicação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.
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