Militares britânicos alertam para possível desvio de petroleiro pelo Irão
Irão não reconheceu o incidente, que ocorreu ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos.
Um navio-tanque que navegava pelo estreito de Ormuz mudou esta sexta-feira subitamente de rumo para águas territoriais iranianas, revelou um organismo militar britânico, que alertou para a possibilidade de ter sido tomado pelo Irão.
O centro de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO, na sigla em inglês) admitiu a possibilidade de o navio ter sido afetado por "atividade estatal", segundo a agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).
O aviso do UKMTO surge depois de uma empresa de segurança privada ter afirmado que pequenas embarcações tinham intercetado o navio momentos antes de mudar de rumo.
O Irão não reconheceu o incidente, que ocorreu ao largo da costa dos Emirados Árabes Unidos.
Teerão já apreendeu navios no passado, em momentos de tensão com o Ocidente.
Os detalhes fornecidos pelo UKMTO e pela empresa de segurança privada Ambrey correspondem a um petroleiro com bandeira das Ilhas Marshall, chamado "Talara".
"Aconselha-se as embarcações a transitarem com cautela e a reportarem qualquer atividade suspeita ao UKMTO", avisou o organismo britânico num alerta de segurança na sua página na internet consultada pela Lusa.
O navio zarpou de Ajman, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Singapura.
Dados de rastreamento de navios analisados hoje pela AP mostraram que o petroleiro virou subitamente na direção do Irão, sem explicação.
Os proprietários gregos do navio não responderam a pedidos de comentários.
Um drone da marinha dos Estados Unidos sobrevoou a área onde o "Talara", mas a frota norte-americana presente no Bahrein não respondeu de imediato a um pedido de comentário da AP.
A marinha norte-americana acusou o Irão de uma série de ataques com minas a navios que danificaram petroleiros em 2019.
Acusou também Teerão de um ataque com drone a um navio-tanque ligado a Israel, que matou dois tripulantes europeus em 2021.
Os ataques começaram depois de o Presidente Donald Trump ter retirado unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear do Irão de 2015 com as potências mundiais, no primeiro mandato.
A última grande apreensão ocorreu quando o Irão tomou dois navios-tanque gregos em maio de 2022 e os reteve até novembro desse ano.
Estes ataques acabaram por ser eclipsados pelos ataques dos houthis, apoiados pelo Irão, que visaram navios durante a guerra na Faixa de Gaza, o que reduziu drasticamente o transporte marítimo no corredor do mar Vermelho.
Os anos de tensão entre o Irão e o Ocidente, juntamente com a situação na Faixa de Gaza, culminaram numa guerra de 12 dias em junho entre o Irão e Israel.
Durante essa guerra, os Estados Unidos também bombardearam instalações nucleares iranianas.
O UKMTO, criado pela marinha real britânica para ajudar a combater a pirataria, atua como ponto de contacto entre navios mercantes e forças militares no mar da Arábia, mar Vermelho e Golfo Pérsico.
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