Ex-juiz Sérgio Moro demite-se do cargo de ministro da Justiça do Brasil. Bolsonaro tenta impedir saída

O ex-juíz Sérgio Moro, famoso por ter comandado a operação anti-corrupção Lava Jato e ter mandado prender o ex-presidente Lula da Silva, apresentou esta quinta-feira demissão do cargo de ministro da Justiça, que exercia desde o início do governo de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019. A notícia, avançada pela imprensa brasileira, não tinha sido confirmada oficialmente até final da tarde por Jair Bolsonaro, que estaria a tentar demover Moro da decisão de deixar o governo.

Moro teria decidido pedir demissão depois de ter sido avisado por Bolsonaro de que haveria mudanças no comando da Polícia Federal, subordinada ao ministro. Uma delas seria a demissão do director-geral da corporação, Maurício Valeixo, uma escolha pessoal de Sérgio Moro e pessoa da confiança dele desde que ainda era juiz em Curitiba, onde Valeixo também atuava.

As relações entre Jair Bolsonaro e Sérgio Moro deixaram de ser cordiais pouco depois de Bolsonaro o ter nomeado, pois o presidente quer ministros absolutamente submissos e Moro, que com a Lava Jato se transformou num herói nacional, nem sempre fez o que o chefe de Estado ordenou. Desde o início, Bolsonaro tentou intervir na Polícia Federal e assumir pessoalmente o controlo da corporação, que entre outras tem investigações contra um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, suspeito de corrupção, e Sérgio Moro sempre se opôs, o que desgastou ainda mais a relação entre ambos.