Moçambicanos pedem posição firme contra "massacre silencioso" da violência de género

Há registo de 43 feminicídios e 42 violações sexuais de mulheres e menores desde janeiro, adiantou o Observatório das Mulheres do país.

17 de setembro de 2025 às 10:28
Xai-Xai, Moçambique Foto: Britta Pedersen/AP
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Um grupo de cidadãos moçambicanos na diáspora apelou à intervenção da primeira-dama, Gueta Chapo, pedindo ações e um "posicionamento firme e público" contra o "massacre silencioso" da violência de género, com 43 feminicídios este ano.

"Cada dia de silêncio é mais um caixão a ser carregado. Cada omissão é cumplicidade. É hora de dizer basta. Basta de sangue. Basta de dor. Basta de violência. O futuro de Moçambique depende da coragem de agir hoje", lê-se na carta aberta do autodenominado Movimento de Sociedade Civil dos Moçambicanos na Diáspora -- Indignados.

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Na missiva, tornada esta quarta-feira pública e enviada também ao ministro do Interior, Paulo Chachine, à ministra do Trabalho, Género e Ação Social, Ivete Alane, e ao secretário de Estado do Género e Ação Social, Esmail Razak, o grupo afirma que "Moçambique sangra" e que "as suas filhas estão a ser assassinadas, violadas, mutiladas e desrespeitadas".

"Segundo o observatório das Mulheres documentou-se, desde janeiro até esta quarta-feira, 43 feminicídios e 42 violações sexuais de mulheres e menores. Por trás de cada número há um rosto, um nome, uma vida arrancada brutalmente", afirmam.

Afirmam que a "história não perdoará a indiferença", exigindo por isso "um posicionamento firme e público contra a violência de género", ações imediatas "para proteger mulheres e crianças, com casas de abrigo, linhas de denúncia eficazes e apoio psicológico", além de uma "justiça rápida e exemplar para agressores, assassinos e violadores", mas também campanhas nacionais "que rompam o silêncio, eduquem os homens e empoderem as mulheres".

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Dirigindo-se à primeira-dama, o grupo afirma que "já não se trata apenas de violência doméstica ou crimes isolados", mas que o país vive "um massacre silencioso, uma guerra contra as mulheres".

"Corpos transformados em mercadoria, vidas esmagadas pela impunidade, famílias mergulhadas em luto eterno. Quantas mais terão de morrer até que o Estado acorde? Quantas meninas terão de ser violentadas até que a sociedade grite em uníssono: Basta?", apontam ainda, no mesmo apelo.

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