Mulheres drogadas em entrevistas de trabalho por antigo diretor dos recursos humanos do Ministério da Cultura de França

Mais de 200 candidatas dizem ter sido drogadas com diuréticos por ex-responsável do Ministério da Cultura francês

01 de dezembro de 2025 às 01:30
Entrevistador oferecia café ou chá com diuréticos às vítimas Foto: Getty Images
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Mais de 240 mulheres terão sido drogadas com diuréticos por um antigo diretor dos recursos humanos do Ministério da Cultura da França durante entrevistas de trabalho ao longo de vários anos, num caso que reacendeu o debate sobre “submissão química” no país depois do caso Gisèle Pelicot, a mulher que foi drogada durante anos pelo ex-marido para que outros homens a violassem.

As vítimas contam que, durante as entrevistas, Christian Nègre lhes oferecia cafés ou chás com um diurético potente, provocando uma necessidade urgente de urinar,Nègre, no entanto, prolongava as entrevistas durante horas, muitas vezes com longas caminhadas propostas por ele, sempre longe de locais com casas de banho. Algumas das vítimas sentiram-se mal, tiveram de urinar em público e outras chegaram mesmo a urinar na roupa.

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Sylvie Delezenne, de 45 anos, foi uma das vítimas. A especialista em marketing relata ter passado mal durante a entrevista e acabou por urinar em público. Durante anos viveu com este trauma e parou de se candidatar a empregos. Outras vítimas descrevem episódios de humilhação e forte impacto psicológico. A advogada de várias vítimas, Louise Beriot, afirma que o caso evidencia “uma fantasia sexual sobre ter poder e dominação sobre corpos femininos, através da humilhação e controlo”.

A investigação começou em 2019, quando um colega denunciou o comportamento inapropriado de Nègre, que tentou fotografar as pernas de uma funcionária, levando a polícia a abrir uma investigação e a descobrir no seu computador uma lista intitulada ‘Experiências’, onde registava os nomes e as reações das vítimas. Christian Nègre aguarda julgamento.

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