O adeus do rei Juan Carlos
Centenas de pessoas gritaram ‘vivas’ a Juan Carlos na última cerimónia militar do rei de Espanha. Nas ruas, milhares pedem referendo à república.
A praça da Lealdade em Madrid fez jus ao nome ao receber centenas de pessoas que, entre aplausos, gritaram ontem ‘vivas' ao rei na sua última aparição como chefe das Forças Armadas. Acompanhado da rainha Sofia e dos príncipes Felipe e Letizia, Juan Carlos prestou homenagem aos caídos em combate naquele que foi o seu último ato institucional após o anúncio da renúncia ao trono e brindou com mais de 180 figuras da elite espanhola, entre políticos, militares e intelectuais, à continuidade da monarquia.
No entanto, o ambiente de apoio ao trono dos Bórbon, que perpassou toda a receção no Palácio Real, quando se assinalava o Dia das Forças Armadas, contrastou com as muitas manifestações a favor do referendo, realizadas durante todo o fim de semana em várias cidades espanholas. No sábado, milhares de pessoas saíram à rua em 40 cidades para pedir uma consulta popular que dê ao povo a liberdade de escolher o próximo regime do país. Ontem foi a vez dos bascos e catalães se manifestarem a favor da autonomia (ver caixas).
Segundo um inquérito do jornal ‘El País', depois de Juan Carlos ter abdicado do trono a favor do filho Felipe, a 2 de junho, mais de 62% dos espanhóis pede uma consulta popular que permita escolher entre monarquia e república. Ainda assim, o mesmo questionário revela que, em caso de plebiscito, a monarquia pode vencer por uma margem pequena, já que metade dos espanhóis apoia a monarquia com Felipe VI no papel de rei (cerca de 49%), contra 36% que prefere a república.
Cem mil pedem autonomia
Um cordão humano de 123 quilómetros, entre Durango e Pamplona, uniu mais de cem mil pessoas no País Basco para reivindicar o direito à autonomia. Organizado pelo grupo Gure Esku Dago (Está nas nossas mãos), o cordão juntou pessoas de várias gerações, que em uníssono gritavam "Somos uma nação, temos direito a decidir, é o momento da cidadania".
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