ONU diz estar preocupada e a acompanhar de perto atos convocados por Bolsonaro contra o Supremo
Presidente brasileiro convocou seguidores para saírem à rua em seu apoio e contra os que ele considera que estão a atrapalhar o seu governo.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse-se esta segunda-feira preocupado com os constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores ao Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, e alertou que vai acompanhar de perto os actos convocados para esta terça-feira pelo presidente do Brasil.
Bolsonaro vem há semanas convocando seguidores, principalmente os de grupos mais radicais, para irem às ruas de Brasília, São Paulo e outras cidades esta terça-feira, Dia da Independência do Brasil, em seu apoio e contra os que ele considera que estão a atrapalhar o seu governo e o futuro do Brasil, o STF e o Congresso, que se têm oposto à sua escalada autoritária.
O escritório do órgão da ONU para a América do Sul reiterou em comunicado a importância de proteger o direito à liberdade de reunião pacífica, mas, também, a sua preocupação com a difusão de discursos de ódio contra povos indígenas e ameaças contra instituições como o Supremo Tribunal Federal. O escritório da ONU afirmou não poder enviar ao Brasil uma comissão de observadores internacionais, como foi pedido dias atrás por diversas entidades brasileiras, mas garante que acompanhará "de muito perto" tudo o que acontecer esta terça-feira e os desenvolvimentos do que ocorrer.
Um dia antes do posicionamento da ONU, líderes políticos mundiais, incluindo ex-primeiros-ministros, ex-presidentes, um Prémio Nobel da Paz e outras personalidades de grande renome assinaram e divulgaram uma carta conjunta expressando igualmente grande preocupação com a escalada autoritária no Brasil empreendida por Jair Bolsonaro. E deixaram claro que o mundo não vai aceitar passivamente uma ruptura democrática no Brasil.
Nas mensagens de convocação para os actos desta terça-feira em Brasília em apoio a Jair Bolsonaro, que quer dar uma prova de força para não ter de continuar a governar com os limites impostos pela Constituição, pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal, há incitamento à ocupação do STF e do Congresso e ameaças de morte contra juizes que se têm oposto a decretos autoritários do presidente da República. Associações de camionistas bolsonaristas ameaçaram cercar Brasília e cortar as principais estradas do Brasil esta terça-feira, para parar o país até que as exigências de Bolsonaro para governar com poderes absolutos sejam aceites pelos outros órgãos de poder.
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