Operação policial mais letal da história no Rio de Janeiro deixa pelo menos 64 mortos
Pelo menos 64 pessoas morreram, entre as quais quatro polícias.
A maior e mais letal operação policial da história da cidade brasileira do Rio de Janeiro deixou esta terça-feira pelo menos 64 pessoas mortas, superando em muito as 28 vítimas fatais da agora segunda acção mais letal, ocorrida em Abril de 2021 na favela do Jacarezinho. O balanço, já assustador pelo número de vidas perdidas, pode ser ainda maior, pois às 15 horas locais, 18 horas em Lisboa, ainda havia confrontos e o número de vítimas podia aumentar.
Das 64 vítimas fatais já confirmadas, quatro eram agentes de forças de elite da polícia, e as outras 56 eram criminosas ou suspeitas, de acordo com as autoridades. Há inúmeras pessoas feridas em hospitais da capital fluminense, entre suspeitos, agentes de forças policiais e moradores apanhados no meio do fogo cruzado.
A gigantesca operação começou pouco antes do amanhecer nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, ambos na zona norte, os dois controlados pela facção criminosa Comando Vermelho. Ao longo do dia, porém, os intensos tiroteios entre polícias e criminosos avançou para outras partes da cidade, com traficantes bloqueando com barricadas diversas importantes avenidas e vias expressas em retaliação à acção policial.
No início, foram destacados para a megaoperação 2500 agentes da Polícia Militar (Segurança Pública) e da Polícia Civil (Judiciária), mas ao longo das horas mais polícias se juntaram a esse enorme efectivo, pois a reacção dos traficantes foi fortíssima. Enquanto a polícia tentava entrar nas dezenas de favelas dos dois complexos apoiada por mais de 100 blindados e centenas de outras viaturas, os criminosos usavam drones para disparar granadas contra os agentes e incendiaram dezenas de barricadas já previamente montadas.
Dezenas de escolas, creches, postos de saúde e hospitais ou não puderam abrir ou os que funcionam 24 horas foram forçados a fechar, tal como o comércio. Todas as linhas dos autocarros dos transportes colectivos que passam perto do Alemão e da Penha foram suspensas, e centenas de milhar de moradores não puderam sair de suas casas, onde se protegeram como puderam das balas que entravam pelas janelas ou atravessavam as frágeis paredes, num verdadeiro cenário de guerra urbana na que já foi chamada “Cidade Maravilhosa”.
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