Pelo menos 160 armas ilegais recolhidas em campanha voluntária em Moçambique
Campanha visa inspecionar, registar e recolher armas de portadores não autorizados, assim como atualizar o cadastro dos portadores legais.
Pelo menos 160 armas ilegais foram recuperadas em Moçambique no âmbito de uma campanha de entrega voluntária que arrancou em setembro e foi entretanto prorrogada até dezembro, anunciou esta quinta-feira a polícia, que pede a colaboração da população.
"A Polícia da República de Moçambique [PRM], em estreita colaboração com as comunidades em todo território nacional, recebeu 160 armas. Destas, parte são de fogo e outras a pressão de ar", anunciou o porta-voz do comando-geral da PRM, Lionel Muchina, explicando que essa recuperação, feita de 01 de setembro a 31 de outubro, faz parte do plano operativo denominado "amnistia".
O comando-geral da PRM avançou, em setembro, que a campanha visa inspecionar, registar e recolher armas de portadores não autorizados, atualizar o cadastro dos portadores legais, entre os quais empresas de segurança privada, sensibilizar os cidadãos a entregarem voluntariamente armas sem licença, além de se pretender também destruir as que foram obtidas ilegalmente.
Isto considerando que, em "mãos indevidas", as armas contribuem para a ocorrência de crimes violentos no país, foi então sublinhado.
Lionel Muchina considerou hoje "encorajadores" os resultados alcançados até ao momento, pedindo a entrega voluntária das armas até dezembro, para a manutenção da paz, segurança e estabilidade do país.
"Reiteramos que a entrega voluntária das armas de fogo dentro do prazo estabelecido não implicará a responsabilização criminal para os detentores do referido material", acrescentou o porta-voz, referindo que o período de entrega voluntária vigora agora até dezembro deste ano.
Durante o lançamento da campanha, a polícia explicou que a mesma vai decorrer em duas fases, com a primeira, entre setembro e outubro, a iniciar-se com a sensibilização, atualização de registo e entrega voluntária das armas no país, medida entretanto prolongada a partir de hoje e até dezembro, período em que no plano inicial já deveria decorrer a recolha "coerciva e conversão a favor do Estado".
A campanha de recolha de armas decorre depois de terem sido registados seis casos de homicídio a tiro de agentes da polícia, desde junho, todos ocorridos na Matola, arredores de Maputo. O caso mais recente envolveu uma comandante da PRM, morta com vários tiros ao princípio da noite de 23 de outubro, confirmou no mesmo dia à Lusa fonte da corporação, decorrendo investigações.
O crime anterior aconteceu a 01 de outubro, em que a polícia moçambicana confirmou que um agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) foi visado e ferido no tiroteio que provocou a morte de duas pessoas, atingidas por balas perdidas, na Matola, arredores de Maputo.
Outro caso aconteceu na manhã de 09 de setembro, com um sargento principal alvejado mortalmente quando se encontrava no interior da sua viatura, numa zona denominada Mangueiras, área de jurisdição da sétima esquadra da polícia, no bairro T3, na província de Maputo.
Em 04 de julho, pelo menos quatro pessoas foram mortas numa troca de tiros com agentes da PRM durante uma operação para impedir um assalto a uma empresa de construção civil na Matola.
Em 02 de julho, a PRM confirmou o homicídio de dois agentes da corporação, com 54 tiros, na manhã desse dia, e ferimentos por bala de uma mulher de 78 anos, também na Matola, arredores da capital moçambicana.
O primeiro caso aconteceu igualmente na Matola, na noite de 11 de junho, quando um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da PRM foi morto com cerca de 50 tiros, no bairro Nkobe, por três homens até ao momento não identificados.
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