Petrobras: o caso que abala o Brasil

Empresário diz ter feito denúncia em 2008 que a polícia não levou a sério.

04 de fevereiro de 2015 às 21:48
04-02-2015_02_11_09 9577725.JPG Foto: Sergio Moraes/Reuters
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Os desvios de muitos milhões na Petrobras, descobertos em março de 2014, quando a Polícia Federal brasileira desencadeou a ‘Operação Lava Jacto’, poderiam ter provocado prejuízos menos astronómicos aos cofres públicos se denúncias da existência do esquema feitas vários anos antes tivessem sido levadas em linha de conta com maior celeridade.

O empresário brasileiro Hermes Freitas Magnus, por exemplo, afirmou, em entrevista ao jornal ‘Público’, que já em 2008 denunciara às autoridades a existência de um megaesquema de corrupção.

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Magnus, que em 2008 era dono de uma empresa no Paraná, Sul do Brasil, diz ter sido procurado por José Janene, então poderoso líder político na região e líder da bancada do Partido Progressista na Câmara dos Deputados, que se ofereceu para ajudar o empresário, que procurava um sócio-investidor.

Segundo Magnus, Janene, acusado de ligação ao esquema de corrupção ‘Mensalão’, de 2005, e falecido em 2010, e outros nomes envolvidos agora na corrupção da Petrobras, como o cambista ilegal Alberto Yousseff, preso no ano passado, tomaram conta da empresa dele, tentaram obrigá-lo a transportar de contas do BES no Porto para o Brasil dinheiro do esquema e, como recusou, foi perseguido e teve de fugir do Brasil, ficando arruinado.

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Seis anos depois, em março do ano passado, Hermes Magnus diz ter visto pela televisão as detenções de vários dos homens que denunciara à polícia e à Justiça em 2008.

Entre eles estava Yousseff, acusado pela Polícia Federal de ter movimentado e lavado pelo menos 3,3 mil milhões de euros desviados da Petrobras através de contratos sobrefaturados assinados com grandes empresas de construção civil.

De acordo com as investigações da ‘Operação Lava Jacto’, diretores de alto nível da Petrobras colocados nos postos por indicação de partidos aliados do governo exigiam das construtoras ‘luvas’ de 1% a 3% sobre o valor dos contratos para realização de obras gigantescas.

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O dinheiro era depois dividido pelos executivos da petrolífera e das construtoras, muitos dos quais já foram presos, e abastecia ‘sacos azuis’ de vários partidos, com particular destaque para o Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Lula da Silva e da atual presidente, Dilma Rousseff.

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