Polícias do estado brasileiro do Pará chamam comunista ao Papa Francisco e comemoram a sua morte

Agentes da Polícia Militar foram apanhados a trocar mensagens num grupo da própria corporação insultando o Sumo Pontífice.

Polícia Federal brasileira Foto: DR
Partilhar

Na contramão da comoção mundial e das homenagens de anónimos e autoridades pela morte do Papa Francisco esta segunda-feira, agentes da Polícia Militar do estado brasileiro do Pará foram apanhados a trocar mensagens num grupo da própria corporação insultando o Sumo Pontífice e comemorando o seu falecimento. As mensagens, algumas das quais vazaram esta terça-feira para a imprensa, provocaram forte indignação e a Arquidiocese do Pará já emitiu um comunicado de protesto, mas o alto comando da Polícia Militar até à tarde desta terça-feira não se tinha posicionado.

Numa das mensagens, o autor envia uma foto do Papa com a frase “menos um comunista na terra”, comemorando claramente a morte de Francisco. Um outro agente repercute a publicação e acrescenta a frase “já foi tarde”.

Pub

Entre várias mensagens de cunho político e extremismo religioso atacando a grande proximidade que Francisco tinha com as populações marginalizadas, as periferias e com grupos estigmatizados, um terceiro participante no grupo, que é exclusivo para membros da Polícia Militar do Pará, escreveu, “homem santo só houve um, Jesus”. Em várias outras mensagens como as anteriores, o Sumo Pontífice é menosprezado e atacado pelas suas posições progressistas, a defesa dos direitos de homossexuais a frequentarem as paróquias como qualquer pessoa de outra opção sexual, e a defesa que fazia do diálogo entre todas as religiões.

O triste episódio flagrado agora no Pará, no norte do Brasil, reflete no entanto uma situação grave e preocupante que se repete em boa parte das polícias militares por todo o Brasil, onde cada estado tem a sua. As forças de segurança foram instrumentalizadas ao longo do governo do antigo presidente Jair Bolsonaro e tornaram-se fortes bastiões da extrema-direita e de confissões evangélicas radicais, ao mesmo tempo em que se transformaram em máquinas de matar, como evidencia o assustador aumento da letalidade nas ações da polícia de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Goiás, entre outras.

Pub

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar