Marcelo fala em novo "ciclo político, económico e social" de Moçambique durante conferência em Cascais
Presidente da República português esteve com o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na segunda edição do "EurAfrican Forum".
O Presidente português defendeu esta quinta-feira que se está a abrir um novo "ciclo político e económico e social" em Moçambique, sob a liderança de Filipe Nyusi, antevendo "um acordo de tréguas definitivas muito em breve".
Marcelo Rebelo de Sousa falava numa conversa com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na segunda edição do "EurAfrican Forum", uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, no Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa.
No seu entender, "as empresas portuguesas estão muito empenhadas no investimento em Moçambique" e em termos gerais "há hoje em Portugal um entusiasmo, uma expectativa em relação ao ciclo político e ao ciclo económico e social que se está a abrir", com o Presidente moçambicano como "protagonista empenhado".
O chefe de Estado português elogiou Filipe Nyusi pelo "papel liderante que tem tido em termos de pacificação, isto é, de construção de uma paz duradoura e sustentável", que "já culminou em tréguas sucessivamente prorrogadas" entre o Governo da Frelimo e a oposição da Renamo.
"Mas a ideia é um acordo de tréguas definitivas muito em breve - está a ver, eu quase que pareço Presidente de Moçambique", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
No início desta conversa, moderada pela jornalista da RTP Cristina Esteves, o Presidente português tinha referido que Moçambique é para si uma "segunda pátria" e Nyusi observou: "Não sei se não é a primeira".
O Conselho da Diáspora Portuguesa, que organizou este fórum, é uma associação sem fins lucrativos, constituída em dez de 2012, com o alto patrocínio do anterior Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, destinada a institucionalizar uma rede de contactos entre portugueses e lusodescendentes com posições de destaque no estrangeiro.
Esta associação tem como presidente honorário o Presidente da República. Atualmente, a sua direção é presidida pelo empresário Filipe de Botton e o antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso preside à Mesa do Conselho da Diáspora.
À chegada ao Campus de Carcavelos, Nyusi foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, que o saudou como "irmão", por Durão Barroso e por Filipe de Botton.
O Presidente moçambicano interrogou por que motivo este fórum era em língua inglesa - com uma exceção aberta para os dois presidentes, que falaram em português - e foi-lhe explicado que era por ser de âmbito internacional e por ser essa a língua de negócios.
Durante a conversa entre os dois, o chefe de Estado português insistiu na ideia de que há "um ciclo que se abre" neste momento em Moçambique, "com a consolidação da paz, com as eleições, com a estabilização" e, no plano económico, "uma normalidade de gestão económica virada para o médio-longo prazo".
Como "amigo, irmão de Moçambique", Marcelo Rebelo de Sousa disse que esta visita de Estado do Presidente moçambicano a Portugal é marcada por essa "coincidência muito feliz".
"Há aqui um ciclo que se abre, há aqui um protagonista empenhado na consolidação desse ciclo, numa pacificação, num diálogo, numa abertura e numa capacidade de projeção de Moçambique para o futuro. E isso é muito gratificante. É muito gratificante sentir que existe uma personalidade que, além do mais, cria empatia, eu vi isso com os empresários portugueses, conhece os dossiês", considerou, elogiando Nyusi.
De acordo com o chefe de Estado português, o jantar que ofereceu em honra do Presidente moçambicano, na terça-feira, foi aquele que teve "mais candidatos empresários a estarem presentes", e até "houve uma lista de espera, no próprio dia havia pessoas que telefonavam desesperadas".
E a cerimónia de cumprimentos levou "quase uma hora e meia" com as "centenas de empresários portugueses", porque "o Presidente Nyusi, para cada um, sabia em concreto a situação da empresa" e aproveitou "para despachar dossiês", descreveu.
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