Potências reforçam pressão sobre Irão
Diplomatas dos seis países envolvidos nas negociações para tentar convencer o Irão a abdicar do seu programa nuclear reuniram-se ontem em Londres para definir estratégias, depois de expirado o prazo dado pela ONU ao regime de Teerão para suspender todas as actividades nucleares.
Em cima da mesa está já um novo pacote de sanções, que inclui a proibição das deslocações ao estrangeiro dos principais responsáveis iranianos.
Um dia depois de o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad ter assegurado que o programa nuclear do seu país não tinha “travão nem marcha-atrás”, representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Reino Unido, EUA, França, China e Rússia – e da Alemanha reuniram-se na capital britânica para estudar novas formas de pressionar o Irão a suspender o enriquecimento de urânio e regressar à mesa das negociações.
Numa altura em que os EUA asseguram que o pacote inicial de sanções, aprovado em Dezembro, começa a dar sinais de êxito – uma prova disso são as críticas dos sectores moderados iranianos à intransigência de Ahmadinejad – o agravamento das medidas punitivas parece ser um dado adquirido, restando saber até que ponto as seis potências conseguem ir sem desfazer a frágil unanimidade num grupo que inclui dois importante parceiros comerciais de Teerão: China e Rússia.
Segundo fontes diplomáticas, em cima da mesa está o alargamento das sanções a áreas comerciais não relacionadas com o programa nuclear, bem como a possibilidade de proibir as deslocações ao estrangeiro dos principais dirigentes políticos e responsáveis técnicos envolvidos nas actividades nucleares iranianas.
O Irão mantém, por seu lado, a postura de desafio, e ontem voltou a reiterar o seu direito ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos. “A suspensão do enriquecimento como pré-condição para as negociações é uma exigência ilegal, ilógica e contrária à dignidade da nação iraniana”, afirmou o porta-voz do governo iraniano, Gholamhossein Elham.
ARMAS IRANIANAS NO IRAQUE
As forças norte-americanas mostraram ontem aquilo que afirmam ser novas provas da utilização pela guerrilha iraquiana de armamento fornecido pelo Irão, incluindo componentes para o fabrico de engenhos explosivos improvisados. As armas foram descobertas durante um raide das tropas norte-americanas na cidade de Baquba, a norte de Bagdad. Recorde-se que fontes dos serviços de informações dos EUA citadas recentemente pela BBC afirmaram que uma eventual prova de envolvimento iraniano num grande ataque contra as tropas americanas no Iraque poderia ser usada como percursor para um ataque ao Irão.
RÚSSIA PREOCUPADA
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, manifestou ontem a sua preocupação relativamente aos insistentes rumores sobre preparação de um ataque militar norte-americano contra o Irão. “As sugestões sobre um ataque estão a tornar-se mais frequentes e isso é muito preocupante”, afirmou.
MUÇULMANOS AVISAM
Os chefes da diplomacia de sete países muçulmanos – Egipto, Indonésia, Malásia, Jordânia, Arábia Saudita, Turquia e Paquistão - alertaram ontem para a “perigosa escalada de tensão” provocada pelo braço-de-ferro entre o Irão e o Ocidente e exortaram todos os países envolvidos a solucionarem o diferendo evitando o recurso à força.
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