Primeiros acusados pelo saco azul

Entre as acusações que constam do processo está o crime contra o sistema financeiro, evasão de divisas e branqueamento de capitais. De acordo com a Polícia, já há indícios comprovatórios de que Delúbio fez pagamentos à revelia do sistema financeiro e burlando o Fisco através do esquema milionário montado por Marcos Valério, tudo com o conhecimento e a participação de José Genoíno, sob as ordens de quem Delúbio trabalhava.

Duda Mendonça, o publicitário que fez a vitoriosa campanha de Lula, reconheceu publicamente ter sido pago por esse trabalho com dinheiro depositado em paraísos fiscais. O nome do deputado e ex-ministro José Dirceu, acusado por Roberto Jefferson de ser o verdadeiro mentor e chefe do esquema de corrupção, não consta entre os indiciados.

PERDA DE MANDATO

Outras duas instâncias, o Conselho de Ética e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), também produziram ontem resultados. O conselho aprovou e vai enviar ao plenário o pedido de perda de mandato de Roberto Jefferson por este não ter conseguido apresentar provas contra os deputados que acusou de corrupção e por ter reconhecido ter ele próprio recebido milhões do ‘saco azul’. Num relatório parcial, a CPI acusou de corrupção 18 outros deputados de partidos aliados do governo e um da oposição de corrupção.

EX-LÍDER DO PT SABIA DEMAIS

O médico João Francisco Daniel confirmou no Congresso Nacional, em Brasília, a denúncia de que o seu irmão, o ex-líder do Partido dos Trabalhadores (PT) Celso Daniel, assassinado em 2002, “sabia de mais”.

Segundo João Francisco, Celso Daniel, então um dos principais líderes do PT e prefeito de Santo André, descobriu a existência naquela cidade de um ‘saco azul’ para pagar campanhas do partido e, não concordando com isso, ameaçou denunciar o caso dias antes de ser morto.

O médico garante que nesse esquema de angariação ilícita de verbas estariam envolvidos o ex-ministro José Dirceu e o actual chefe de gabinete da presidência da República, Gilberto de Carvalho. Sem acusar directamente alguém, João Francisco Daniel criticou a atitude do PT, que na altura do crime terá feito pressão para que as diligências policiais não fossem tão a fundo quanto a família e o Ministério Público queriam. O caso foi reaberto na semana passada.

TAMAR FRANCO AVANÇA

O ex-presidente Itamar Franco aceitou que o seu nome fosse indicado às instâncias do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) como candidato nas eleições presidenciais de 2006. Após uma reunião de três horas com deputados do partido do seu estado, Minas Gerais, Itamar acedeu aos apelos e autorizou o início dos trâmites internos para se tornar candidato, mas disse que só o será se houver consenso.

Mas dificilmente Itamar terá esse consenso. Entre outros potenciais candidatos estão o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho e o actual presidente do partido, Michel Temer. Franco, que até há dias era embaixador do Brasil na Itália, assumiu a presidência brasileira em 1992, quando Fernando Collor de Mello teve o mandato extinto pelo Congresso.