Promessas nas eleições de Moçambique vão do comboio de alta velocidade a dia de arrependimento
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro.
Da construção do comboio de alta velocidade, à criação de três capitais ou a instituição de um dia de arrependimento nacional, a campanha para as eleições que escolhem o novo Presidente em Moçambique foi fértil em promessas.
Venâncio Mondlane, que corre para a Presidência da República praticamente por conta própria, apenas com o apoio do pequeno partido extraparlamentar Podemos, insistiu na campanha, que termina no domingo, na construção de um comboio "de alta velocidade" para ligar Maputo e Cabo Delgado, nos extremos do país, "em quatro horas".
"Vai facilitar a locomoção de pessoas com negócios e empreendimentos em outras províncias, dinamizando de forma significativa a economia do país e o turismo", prometeu Venâncio Mondlane, no contacto com os apoiantes no centro do país.
As promessas do candidato, ex-deputado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que abandonou após falhar a tentativa de concorrer à liderança do maior partido da oposição, em maio, não se ficaram por aqui.
"A partir do programa do Governo do povo, os recursos de Cabo Delegado serão utilizados para desenvolver esta província e em cinco ou dez anos Montepuez vai ser como Dubai ou como as cidades do Qatar", prometeu Venâncio Mondlane, numa ação de campanha naquela província do norte do país.
Em Maputo, o candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), foi desafiado esta semana, num encontro com religiosos, a uma reflexão nacional sobre o país, da corrupção, aos raptos, passando pelo terrorismo em Cabo Delgado ou os problemas económicos. Daniel Chapo encarou a proposta como "uma contribuição muito importante", associada até à possibilidade de um dia de jejum pela mesma ideia.
"Sobretudo desta questão de convocar um dia de arrependimento. Muitas coisas podem estar a nos acontecer que resultam, primeiro, como disseram aqui, do mundo espiritual, e depois refletem no mundo material", admitiu, depois de comparar o seu percurso ao da caminhada de Moisés no deserto.
Ossufo Momade, líder da Renamo, é o único candidato repetente a Presidente da República nas eleições gerais de quarta-feira e, entre outros compromissos, prometeu três capitais para Moçambique.
"Quando eu for Presidente, vou criar condições para que haja a revisão da Constituição da República para que possamos ter três capitais. A capital política, Maputo, a capital parlamentar, a cidade da Beira, e a capital económica, a cidade de Nampula", avançou, numa ação de campanha, que decorre desde 24 de agosto, na Ilha de Moçambique.
"Porque queremos desenvolvimento. Nós gostaríamos que todas essas grandes cidades pudessem ser desenvolvidas, porque tudo está na cidade de Maputo", explicou Ossufo Momade.
Em Moçambique, o Presidente da República é titular do poder executivo, mas setores como telecomunicações funcionam em mercado de concorrência. Ainda assim, Lutero Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o terceiro maior partido do país e que apoia a sua candidatura presidencial, garantiu que vai mexer nesses preços.
"Vamos baixar a taxa do uso de internet para facilitar a vida de todos, principalmente os jovens, usando estes meios para procurar emprego e criar negócios para o seu auto sustento", afirmou o candidato presidencial, na Beira, província de Sofala, bastião do MDM, partido com representação parlamentar.
Moçambique realiza na próxima quarta-feira as sétimas eleições presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
A campanha eleitoral termina ao final do dia de domingo, com os candidatos a dividirem-se no final entre Maputo (Daniel Chapo, Ossufo Momade e Lutero Simango) e Nampula, no norte (Venâncio Mondlane).
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo a Comissão Nacional de Eleições.
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