Radicais islâmicos suspeitos da decapitação de dez pessoas em Moçambique
País foi colocado no mapa das ameaças jihadistas desde outubro do ano passado.
A polícia iniciou uma perseguição aos suspeitos do ataque armado a uma povoação rural na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, onde foram decapitadas dez pessoas, entre as quais duas crianças, no passado domingo.
Segundo avança a rádio Voz da América, as autoridades acreditam que o grupo atacante tem ligações ao radicalismo islâmico, o que coloca aquele país africano no mapa de ameaças jihadistas. Em outubro do ano passado, recorde-se, o ataque a uma mesquita em Mocímboa da Praia despertou para esse potencial perigo naquela zona norte de Moçambique, junto à fronteira com a Tanzânia.
Inácio Dina, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), acredita que os dois ataques estejam relacionados e que os suspeitos sejam responsáveis por outros ataques esporádicos naquela região.
"Este é um grupo que foi amplamente fragilizado", referiu durante uma conferência de imprensa, em Maputo, acrescentando que os crimes de domingo representam "um total desespero, em tentar buscar algum protagonismo", contrariando a ideia de que esta escalada de violência signifique um aumento da ameaça à segurança em Cabo Delgado. Pelo contrário, refere, os agressores procuram "fazer vincar que este grupo ainda existe", fazendo crer que "tem uma musculatura" que, segundo a PRM, não tem.
Uma investigação baseada em 125 entrevistas em Cabo Delgado, divulgada na última semana, concluiu que a desestabilização é feita por células dispersas que usam o radicalismo islâmico para atrair seguidores, aos quais pagam rendimentos acima da média, financiados por rotas de comércio ilegal de madeira, rubis, carvão e marfim, daquela região para o estrangeiro.
Estes grupos incluem membros de movimentos radicais que têm sido perseguidos a norte pelas autoridades do Quénia e Tanzânia, refere o mesmo estudo, segundo o qual alguns elementos terão sido treinados por milícias da região dos Grandes Lagos que por sua vez também têm ligações ao grupo terrorista al-Shabaab, na Somália.
Os ataques surgiram numa altura em que estão a avançar os investimentos no terreno para exploração de gás natural em Cabo Delgado, prevendo-se que a produção arranque dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.
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